ARACAJU/SE, 24 de abril de 2025 , 15:50:14

Hérnia abdominal acomete até 28 milhões de brasileiros

 

Aproximadamente 25% da população adulta brasileira convive com algum tipo de hérnia abdominal, ou seja, cerca de 28 milhões de pessoas. Esse problema ocorre quando parte de um órgão interno, como o intestino. por exemplo, atravessa uma região enfraquecida da musculatura abdominal. Esse deslocamento forma um volume anormal sob a pele, conhecido como abaulamento, que a princípio, pode causar dor, desconforto e, em casos mais graves, levar a complicações se não for tratado adequadamente.

Segundo o cirurgião do aparelho digestivo e especialista em parede abdominal Cássio Gontijo, os sintomas nem sempre aparecem no início. “Muitas pessoas não percebem que têm uma hérnia até que o quadro se agrave. O ideal é procurar um especialista ao notar qualquer dor ou saliência na barriga, principalmente durante esforço físico”.

Além do desconforto e do risco de complicações, as hérnias podem aparecer com outras condições graves, como bridas e aderências intestinais, que podem evoluir com um quadro de obstrução intestinal. “As aderências são cicatrizes internas que se formam como resposta a lesões, inflamações ou cirurgias abdominais, o que cria bandas de tecido fibroso que podem fazer com que os intestinos se prendam entre si ou à parede abdominal, formando áreas de acotovelamento e favorecendo quadros de obstrução intestinal”, explica o cirurgião. Essas situações costumam surgir após manipulações cirúrgicas da cavidade abdominal e são relativamente comuns em pacientes submetidos a procedimentos de emergência.

Como elas surgem?

De acordo com Gontijo, as hérnias podem surgir por diferentes motivos, entre eles a prática de atividades que exigem força intensa, obesidade, envelhecimento, cirurgias anteriores na região abdominal, gestações, tabagismo e fatores genéticos. Embora qualquer pessoa possa desenvolver o problema, homens acima dos 50 anos estão entre os mais afetados.

O cirurgião destaca ainda que a hérnia incisional, como no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, é consequência direta de cortes realizados em cirurgias anteriores. “A região onde houve a incisão se torna mais frágil e pode evoluir com buracos na musculatura por onde passam estruturas internas, como partes do intestino”, afirma. De acordo com ele, entre 30% e 50% dos pacientes operados em regime de urgência podem desenvolver esse tipo de hérnia. Em casos mais graves, a hérnia pode alojar alças intestinais e, quando há encarceramento dessas estruturas, pode ocorrer sofrimento intestinal e exigir intervenção imediata.

Conheça os tipos de hérnias

“Um dos tipos mais comuns de hérnia abdominal é a inguinal, que ocorre na região da virilha. Ela é mais frequente nos homens, especialmente em quem tem histórico familiar ou está acima do peso. Já a umbilical aparece ao redor do umbigo, sendo comum em mulheres, principalmente após a gravidez, mas também pode ocorrer em recém-nascidos. No caso da epigástrica, ela surge entre o umbigo e o tórax, na linha média do abdômen. Essa hérnia pode ser pequena e não causar sintomas de imediato, mas, com o tempo, gera desconforto, especialmente ao realizar esforços físicos”, explica o cirurgião do aparelho digestivo.

“O último tipo, que também merece atenção, é a incisional, que ocorre no local de uma cirurgia anterior. Essa hérnia pode se desenvolver meses ou até anos depois do procedimento, em decorrência de uma fraqueza na musculatura da parede abdominal”, acrescenta o médico.

Hérnias complexas

Hérnias classificadas como complexas demandam abordagem especializada. “Uma hérnia complexa é uma hérnia que se tornou difícil de tratar, podendo ser devido a: não ter sido tratada por muitos anos; ter sido tratada sem sucesso; ter crescido muito, provocando abaulamento da cicatriz; apresentar grandes defeitos da parede abdominal; perda de domicílio de vísceras; ou possível infecção dos tecidos moles. As hérnias complexas podem ser desafiadoras, especialmente em pacientes com sobrepeso ou obesidade”, ressalta Cássio Gontijo.

O tratamento pode ser feito por cirurgia tradicional ou por técnicas modernas, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica. Essas opções oferecem menor tempo de recuperação e menos dor após o procedimento.

“Hoje conseguimos realizar cirurgias de alta complexidade com técnicas modernas e resultados positivos. O mais importante é que o paciente procure um especialista com experiência em parede abdominal para garantir o melhor tratamento possível”, conclui o cirurgião.

Fonte: Terra

 

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