ARACAJU/SE, 20 de junho de 2025 , 2:29:41

Longevidade: aumenta número de idosos que se exercitam e desafiam a ideia de vulnerabilidade na terceira idade

 

O Brasil envelhece em ritmo acelerado. Em pleno junho roxo, mês dedicado à conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa, dados e especialistas mostram que o cuidado com o corpo e a mente é tão essencial quanto o combate ao abandono.

“O envelhecimento natural reduz a lubrificação das articulações e a elasticidade muscular. Mas o corpo responde ao movimento”, afirma a fisioterapeuta Vanessa de Andrade. Mais do que estética, a prática de exercícios físicos na maturidade tem se tornado uma resposta concreta a diversas condições, como perda de mobilidade, sarcopenia, rigidez muscular.

Segundo o Censo 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu quase 60% em 12 anos, somando mais de 22 milhões de brasileiros. Essa mudança demográfica desafia políticas públicas e redefine hábitos, como a recusa de aceitar que o envelhecimento é um sinônimo de fragilidade.

De acordo com a plataforma de gestão fitness Tecnofit, a presença de idosos nas academias cresceu 57,31%. A prática de atividade física nessa faixa etária não é apenas recomendada, mas vital: ajuda a prevenir doenças, evitar quedas, manter a independência funcional e garantir bem-estar físico e cognitivo.

A musculação é uma das principais aliadas no combate à sarcopenia, doença que compromete a massa e a força muscular. Para o educador físico Cesar Lobão, é preciso começar cedo a construir uma reserva de força.

“A partir dos 30 anos, o corpo começa a perder massa magra naturalmente e, a cada década de vida, há uma perda muscular que pode variar de 3% a 10%. Dessa forma, é preciso começar uma ‘poupança de músculos’ o quanto antes, pensando na longevidade”, disse.

Além da força, a saúde cognitiva também agradece. Um estudo publicado pela revista The Lancet identificou o sedentarismo como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de demências, destacando a atividade física regular como forma de prevenção de até 40% dos casos.

Outras pesquisas recentes apontam que preservar a musculatura dos membros inferiores (especialmente das pernas), favorece a circulação sanguínea e, consequentemente, a nutrição e oxigenação do cérebro, protegendo contra doenças neurodegenerativas.

Segurança acima de tudo

Envelhecer com autonomia não significa ignorar os cuidados. Especialistas recomendam atenção a alguns pilares essenciais para um treino seguro:

– Avaliação prévia: passar por uma anamnese completa é fundamental para identificar limitações e adaptar o treino.

– Supervisão constante: um educador físico garante a execução correta dos movimentos e o ajuste adequado dos equipamentos.

– Controle da frequência cardíaca: monitorar os batimentos ajuda a evitar sobrecargas cardiovasculares.

– Progressão gradual: iniciar com cargas leves e aumentar de forma segura é a chave para bons resultados sem riscos.

– Pilates: flexibilidade, equilíbrio e autoestima

Para quem busca um método acessível, eficiente e sem impacto, o pilates é outra prática em ascensão entre os idosos. Vanessa de Andrade, fisioterapeuta e professora da atividade física, desenvolveu uma metodologia adaptada para a prática em casa, com objetos simples como cadeiras, toalhas e almofadas.

“Com movimentos de baixo impacto, como a elevação pélvica ou o alongamento lateral da coluna, já é possível notar avanços importantes. A chave está na repetição e no respeito aos limites do corpo”, destaca Vanessa. Segundo ela, o método é capaz de reverter a perda de mobilidade e a rigidez muscular. Um estudo publicado no Journal of Sports Science & Medicine apontou que a flexibilidade pode melhorar em até 40% com apenas oito semanas de prática regular.

O impacto é físico, mas também emocional. “Quando você perde a flexibilidade, perde também a segurança nos movimentos. O medo de cair muitas vezes paralisa o idoso. O pilates, ao restaurar a confiança e o controle corporal, devolve a autonomia para essas pessoas”, afirma. Vanessa também destaca a prevenção de dores crônicas, como lombalgias, e a melhora da postura e da estabilização articular.

Fonte: InfoMoney

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