ARACAJU/SE, 29 de junho de 2025 , 3:59:03

Neste ano, Brasil pode ter maior número de casos de dengue da história; SUS ainda não definiu calendário de vacinação contra a doença

 

O número de casos de dengue no Brasil pode chegar a 5 milhões em 2024, segundo estimativa do Ministério da Saúde.

De acordo com Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde, a previsão de incidências da doença neste ano varia de 1,7 milhão até 5 milhões, com uma média de 3 milhões.

As projeções foram feitas em uma parceria entre a pasta e o InfoDengue, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O aumento estimado de casos é atribuído a uma combinação de fatores, segundo o Ministério da Saúde, em especial ao forte calor, a chuvas intensas e ao recente ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus no país.

Atualmente, os quatro sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no Brasil em uma situação considerada “incomum”, conforme Ethel.

A pasta também ressaltou que o Centro-Oeste deve encarar um cenário epidêmico. Também há risco de epidemia no Sudeste, principalmente em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Já no Sul, o principal estado de risco é o Paraná. Já no Nordeste, a expectativa é que o cenário não chegue a um nível epidêmico, apesar do aumento dos casos.

Em 2023, o país bateu o recorde de ano com mais mortes causadas pela dengue. De acordo com o painel de monitoramento das arboviroses, mantido pelo ministério, foram 1.079 óbitos confirmados até o último dia 27, além de outros 211 que estão em investigação.

Em relação aos casos, foram 1.641.278 diagnósticos prováveis da infecção pelo vírus até o fim de dezembro – 52.160 com evolução para hospitalização. Isso representa uma alta de 17,8% em relação ao ano anterior.

Um levantamento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no fim do ano passado revelou que o Brasil lidera o número de casos de dengue no mundo, com 2,9 dos 5 milhões de casos registrados em 2023.

SUS ainda definiu início de vacinação

O Brasil passa por um crescimento nos casos de dengue, o que aumenta as preocupações de saúde pública em todo o país. O Ministério da Saúde anunciou que a vacinação contra a doença iniciaria em fevereiro, mas, até agora, não apresentou o calendário de imunização que será utilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Enquanto isso, as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul têm registrado uma alta nos casos da doença.

Diante do cenário, especialistas na área da saúde ressaltam a necessidade de ampliar as medidas preventivas para conter o avanço da doença, como eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

Segundo informações iniciais da ministra da Saúde, Nísia Trindade, a imunização será restrita a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que vivem em 512 municípios selecionados. Apesar disso, não há detalhamento sobre a distribuição da vacina.

A previsão do governo é vacinar cerca de 3,2 milhões de pessoas em 2024. O esquema de imunização será composto por duas doses, que serão aplicadas com intervalo de três meses.

A vacina que será utilizada é a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda. O imunizante foi incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Ministério da Saúde.

Nísia afirmou que a empresa tem limitações na produção do medicamento. Por isso, as vacinas serão direcionadas para um público específico neste primeiro momento. A chefe da pasta tem destacado que o imunizante não terá efeito imediato. Assim, há necessidade de ações para evitar a proliferação do mosquito.

“A vacinação se dará de forma progressiva, dado o número limitado de doses produzidas pelo laboratório fabricante”, afirmou a ministra. “Os critérios para distribuição inicial para um grupo de municípios foram baseados na incidência da doença.”

Contudo, até o momento, a entrega dos imunizantes não foi realizada. A previsão inicial do governo federal é iniciar a vacinação na segunda semana de fevereiro.

Fonte: Revista Oeste

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