ARACAJU/SE, 24 de setembro de 2025 , 18:42:57

Organização Mundial da Saúde desmente fala de Trump sobre paracetamol

 

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump fez declarações polêmicas sobre questões de saúde na segunda-feira (22), que imediatamente geraram reação de agências e reguladores globais do setor.

Em coletiva de imprensa, na qual estava acompanhado de seu secretário de saúde, Robert F. Kennedy Jr., Trump estabeleceu uma ligação não comprovada entre o uso de paracetamol – vendido nos EUA como Tylenol – na gravidez e vacinas com o autismo.

Logo após as falas do presidente americano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que questionar o valor das vacinas que salvam vidas é equivocado e que as evidências que ligam o uso de paracetamol na gravidez e o autismo eram “inconsistentes”.

“Sabemos que as vacinas não causam autismo”, disse Tarik Jašarević, porta-voz da entidade, citado pelo The Guardian. “As vacinas, como eu disse, salvam inúmeras vidas. Então, isso é algo que a ciência já provou, e essas coisas não devem ser realmente questionadas.”

Wes Streeting, secretário da saúde do Reino Unido, foi ainda mais direto em suas críticas. À ITV, ele declarou: “Confio mais nos médicos do que no presidente Trump, francamente, neste caso. Só preciso deixar isso bem claro: não há evidências que vinculem o uso de paracetamol por gestantes ao autismo em seus filhos. Nenhuma”.

Ele seguiu: “Então, eu diria apenas às pessoas que estão assistindo: não prestem atenção alguma ao que Donald Trump diz sobre medicina. Aliás, nem acreditem na minha palavra, como político – ouçam os médicos britânicos, os cientistas britânicos, o Serviço Nacional de Saúde [NHS].”

Quem também se manifestou foi Alison Cave, diretora de Segurança da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA) do Reino Unido. Em comunicado, ela afirmou que não há evidências de que tomar paracetamol durante a gravidez cause autismo em crianças.

“O paracetamol continua sendo a opção recomendada para o alívio da dor em gestantes, quando usado conforme as instruções. Gestantes devem continuar seguindo as orientações atuais do NHS e consultar seu profissional de saúde caso tenham dúvidas sobre qualquer medicamento durante a gravidez. Dor e febre não tratadas podem representar riscos para o feto, por isso é importante controlar esses sintomas com o tratamento recomendado”, salientou.

Ainda segundo ela, as recomendações sobre medicamentos durante a gravidez “são baseadas em uma avaliação rigorosa das melhores evidências científicas disponíveis” e que “qualquer nova evidência que possa afetar nossas recomendações será cuidadosamente avaliada por nossos especialistas científicos independentes”.

O The Guardian destaca que a Agência Europeia de Medicamentos também manteve as diretrizes. Seu diretor médico Steffen Thirstrup enfatizou que elas se baseiam “em uma avaliação rigorosa dos dados científicos disponíveis” e não foram encontradas evidências de que o uso de paracetamol durante a gravidez cause autismo em crianças.

A Therapeutic Goods Administration (TGA), órgão regulador de medicamentos na Austrália, foi mais um a rejeitar as falas de Trump. “Evidências científicas robustas não mostram nenhuma relação causal entre o uso de paracetamol na gravidez e autismo ou TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), com vários estudos grandes e confiáveis ​​contradizendo diretamente essas alegações”, declarou.

E completou: “O paracetamol continua sendo categoria A de gravidez na Austrália, o que significa que é considerado seguro para uso na gravidez quando usado de acordo com as instruções nos documentos de Informações sobre o Produto (PI) e Informações sobre Medicamentos ao Consumidor (CMI) aprovados pela TGA”.

Fonte: Época

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