ARACAJU/SE, 14 de setembro de 2025 , 12:35:01

Ozempic entra para lista de medicamentos essenciais da OMS

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o princípio ativo do Ozempic, a semaglutida, em sua Lista Modelo de Medicamentos Essenciais, publicada no início de setembro. A decisão representa um marco importante na luta contra duas das maiores epidemias de saúde pública do século: diabetes tipo 2 e obesidade. A expectativa é que o reconhecimento facilite o acesso global ao medicamento, especialmente em países de baixa e média renda, informa o site Gizmodo.

Criada em 1977, a lista da OMS serve como referência para governos no planejamento de políticas públicas de saúde. Mais de 150 países utilizam as recomendações para decidir quais medicamentos comprar, incluir em programas de seguro público e disponibilizar em unidades de saúde. A versão atual contempla 523 medicamentos para adultos e 374 para crianças.

Por que o Ozempic foi considerado “essencial”

A semaglutida pertence à classe dos agonistas do receptor GLP-1, que atuam na regulação do apetite, controle glicêmico e metabolismo. O fármaco tem mostrado resultados expressivos no controle do diabetes tipo 2 e na redução de peso em pacientes com obesidade, mesmo entre aqueles que não respondem bem a dieta e exercícios físicos.

Além do Ozempic, outros medicamentos dessa classe, como liraglutida, dulaglutida e tirzepatida, também foram incluídos na lista da OMS. No entanto, o uso dessas drogas foi aprovado especificamente para o tratamento de diabetes associado a doenças cardiovasculares, renais crônicas ou obesidade. O uso exclusivo para emagrecimento ainda não consta como indicação essencial.

Um avanço com obstáculos: preço e acesso

Apesar do reconhecimento da OMS, o acesso à semaglutida ainda enfrenta barreiras significativas. O preço elevado, centenas de dólares por mês, torna o tratamento inacessível para grande parte da população global. Em muitos países, inclusive os mais desenvolvidos, planos de saúde públicos e privados ainda não cobrem o medicamento.

“O alto custo de medicamentos como semaglutida e tirzepatida está limitando o acesso”, afirmou a OMS em comunicado. A organização defende medidas para fomentar a produção de versões genéricas, com o objetivo de reduzir os preços após o vencimento das patentes, previsto para os próximos anos.

Mercado farmacêutico e os impactos da decisão

A inclusão do Ozempic na lista da OMS pode gerar impactos significativos no setor farmacêutico. Fabricado pela Novo Nordisk, o medicamento é um dos principais produtos da companhia, que enfrenta concorrência crescente com o avanço de alternativas, como o Mounjaro (tirzepatida), da Eli Lilly.

Diversas empresas já trabalham no desenvolvimento de genéricos, o que pode alterar a dinâmica de preços no médio prazo. Além disso, a medida pode forçar governos e empresas a reverem políticas de cobertura e reembolso, ampliando o mercado global de medicamentos para obesidade e diabetes.

Perspectivas de saúde pública

Segundo a OMS, mais de 800 milhões de pessoas viviam com diabetes em 2022, e mais de 1 bilhão com obesidade. Ambas as condições aumentam o risco de doenças cardiovasculares, insuficiência renal, câncer e mortalidade precoce. A incorporação de tratamentos eficazes como o Ozempic pode, portanto, ter impacto direto na saúde populacional e nos custos com sistemas de saúde.

Embora o medicamento não seja isento de efeitos colaterais, como náuseas e diarreias, sua segurança é considerada alta e seu uso é bem tolerado pela maioria dos pacientes.

Fonte: Época Negócios

 

 

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