ARACAJU/SE, 16 de maio de 2025 , 18:11:45

Pesquisa atesta que excesso de trabalho pode alterar estrutura cerebral

 

Uma nova pesquisa publicada na revista Occupational and Environmental Medicine encontrou mudanças na estrutura dos cérebros de pessoas que estavam sobrecarregadas devido ao trabalho.

Segundo o estudo, realizado por cientistas das universidades Chung-Ang e Yonsei, na Coreia do Sul, os fatores de esforço físico, estresse emocional excessivo e a falta de descanso estariam causando esse efeito na estrutura cerebral.

Os pesquisadores acompanharam 110 profissionais da saúde, que foram divididos em dois grupos: “sobrecarregados” e “não sobrecarregados”. No país, há uma preocupação de saúde pública em relação a essa sobrecarga de trabalho, especialmente considerando que o limite legal para a carga horária é de 52 horas semanais.

O grupo sobrecarregado, composto por 32 participantes que trabalhavam 52 horas ou mais por semana, era formado por pessoas mais jovens, com menos tempo de carreira e maior escolaridade do que aqueles que seguiam a carga horária padrão de trabalho.

Para entender os efeitos no cérebro, os pesquisadores utilizaram dados de um estudo anterior e exames de ressonância magnética. Com a ajuda de uma técnica especial de neuroimagem, eles analisaram o volume cerebral dos participantes.

Com essa técnica, os pesquisadores identificaram e compararam diferenças na quantidade de substância cinzenta em diferentes regiões do cérebro. Além disso, realizaram uma análise baseada em atlas, o que possibilitou rotular e mapear essas estruturas nas imagens obtidas.

“Pessoas que trabalhavam 52 horas ou mais por semana apresentaram mudanças significativas em regiões cerebrais associadas à função executiva e à regulação emocional, ao contrário dos participantes com carga horária padrão”, afirmaram os pesquisadores em nota.

As áreas com aumento no volume incluíam o giro frontal médio, que está relacionado a funções cognitivas, atenção, memória e linguagem, e a ínsula, que está envolvida no processamento emocional, autoconsciência e na compreensão de contextos sociais.

A pesquisa relaciona esses achados com o excesso de trabalho, oferecendo uma indicação biológica para os desafios cognitivos e emocionais relatados por pessoas sobrecarregadas.

Um dos coautores do estudo, Joon Yul Choi, professor assistente no Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade Yonsei, afirmou em entrevista à CNN que há a possibilidade de reversão parcial dessas mudanças, caso os fatores de estresse ambiental sejam eliminados. No entanto, ele ressaltou que o retorno completo levaria mais tempo.

Novas evidências

Em estudos anteriores, o impacto negativo de longas jornadas de trabalho já havia sido apontado em trabalhadores da área da saúde. Uma pesquisa realizada em 2021 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que o excesso de trabalho causou mais de 745 mil mortes em um ano. Além disso, horas prolongadas de trabalho aumentam o risco de diabetes em mulheres e contribuem para o declínio das funções cognitivas.

Os autores destacam que, apesar das consequências comportamentais e psicológicas da sobrecarga de trabalho serem conhecidas, o que ocorre neurologicamente ainda não é tão claro.

Mesmo com novas evidências, é necessário realizar mais pesquisas, especialmente em uma amostra de maior escala, uma vez que o estudo publicado recentemente apresenta limitações claras: ele incluiu apenas um número reduzido de profissionais da saúde da Coreia do Sul.

Fonte: InfoMoney

 

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