ARACAJU/SE, 10 de setembro de 2025 , 18:42:46

Pesquisa estima que quase metade dos diabéticos do mundo não foram diagnosticados

 

Um estudo desenvolvido por uma equipe internacional, que conta com um pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), indica que quase metade (44%) das pessoas com mais de 15 anos vivendo com diabetes não havia recebido diagnóstico em 2023.

A pesquisa publicada na segunda-feira (8) na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, demonstra, contudo, que a medicina tem melhorado a sua estratégia e técnica para diagnosticar o diabetes. E isso tem se refletido em um aumento no número de detecções da doença ao longo das últimas duas décadas.

Para chegar a tal conclusão, o projeto utilizou dados do relatório Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors 2023 (GBD2023). O estudo estima que o número de diabéticos propriamente diagnosticados em 2023 (55,8%) tenha sofrido um crescimento de 8,3% em relação a 2000.

A pesquisa também descobriu que 91,4% das pessoas com diagnóstico de diabetes estavam recebendo algum tipo de tratamento. Com isso, mais de 41,6% desse grupo apresentava níveis controlados de açúcar no sangue – o que costuma ser associado a quadros clínicos mais estáveis e sem tantas complicações prejudiciais à saúde.

No entanto, na comparação com toda a população com diabetes, apenas 21,2% dos indivíduos apresentam concentrações glicêmicas controladas.

Panorama da doença

Apesar das melhorias no diagnóstico, tratamento e controle dos níveis de açúcar no sangue em pessoas que vivem com diabetes, ainda existem lacunas significativas que dificultam o gerenciamento eficaz da doença em escala global. Por isso, as estimativas globais são vitais para avaliar o progresso e identificar as áreas que precisam ser melhoradas.

Utilizando dados e métodos do GBD, os pesquisadores avaliaram a situação do tratamento do diabetes em todo o mundo entre 2000 e 2023, abrangendo 204 países e territórios. O estudo constatou grandes diferenças regionais no diagnóstico, tratamento e controle do diabetes em todo o mundo.

Em 2023, as taxas mais altas de diagnóstico de diabetes foram observadas na América do Norte (83%), no sul da América Latina (80%) e na Europa Ocidental (78%). Enquanto isso, as taxas mais baixas foram encontradas na África Subsaariana central, onde apenas cerca de 16% das pessoas com diabetes foram diagnosticadas. Entre as pessoas diagnosticadas com diabetes, as taxas de tratamento variaram de cerca de 97% na região da Ásia-Pacífico a cerca de 69% na África Subsaariana central.

O estudo também constatou que indivíduos com idades entre 15 e 39 anos eram os menos propensos a serem diagnosticados com diabetes em todo o mundo, com apenas 26% recebendo diagnóstico em 2023. No entanto, esse grupo enfrenta um risco maior de complicações ao longo da vida em comparação com aqueles diagnosticados mais tarde, em parte porque vivem com diabetes por mais tempo.

Desafios ainda existentes

Os autores afirmam que, apesar do progresso nas últimas duas décadas, o diabetes continua amplamente sub diagnosticado e mal tratado. O problema se concentra especialmente em países de baixa e média renda e entre os adultos mais jovens.

Há uma necessidade urgente de fortalecer os sistemas de saúde para melhorar a detecção, o tratamento e os cuidados contínuos. Os autores também destacam que a ampliação do acesso à saúde, a triagem direcionada e a melhoria da qualidade do atendimento poderiam reduzir significativamente a carga global da diabetes.

“As descobertas destacam a necessidade urgente de estratégias aprimoradas e capacitação para aprimorar a detecção, o tratamento e o manejo do diabetes em todo o mundo”, escrevem os autores no artigo. “Intervenções direcionadas para fortalecer a capacidade dos sistemas de saúde de diagnosticar e controlar o diabetes de forma eficaz podem levar a melhores resultados de saúde e reduzir a carga dessa doença crescente”.

Fonte: GALILEU

 

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