ARACAJU/SE, 28 de maio de 2025 , 5:37:07

Até o momento, Brasil registra 10 mil casos e quatro mortes por febre de oropouche em 2025

 

O Brasil soma ao menos quatro mortes causadas por febre de oropouche em 2025. Até o momento, foram confirmados três óbitos pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES- RJ) e um pela Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa-ES). As primeiras mortes pela doença no mundo foram registradas no País em julho do ano passado.

Em relação às infecções, até o dia 16 de maio, o Ministério da Saúde documentou 10.072 casos de oropouche no Brasil, segundo o boletim semanal do Centro de Operações de Emergências (COE). Isso representa um aumento de 56,4% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 6.440 casos.

Em todo o ano passado, foram confirmadas 13.853 infecções. Em 2023, o país teve 833 ocorrências.

O estado mais afetado neste ano é o Espírito Santo, com 6.118 registros. Destacam-se ainda o Rio de Janeiro, com 1,9 mil casos; a Paraíba, com 640; e o Ceará, com 573.

De acordo com o COE, pessoas entre 20 e 59 anos representam 70 5% dos infectados. Entre os menores de 1 ano, foram registrados 12 casos, sendo seis no Rio de Janeiro, quatro no Espírito Santo um no Ceará e um na Paraíba.

O que explica a alta de casos

No ano passado, o ministério apontou que o salto estava associado à ampliação dos testes para a detecção da doença, distribuídos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, que até então estavam concentrados na Região Norte, passaram a ser identificados em outras áreas.

Há ainda uma combinação de fatores que deve ser considerada, segundo a infectologista Jessica Fernandes Ramos, membro do Núcleo de Infectologia do Hospital Sírio-Libanês.

Um importante aspecto, diz Jessica, é a mutação do vírus responsável pela doença. No ano passado, uma nova linhagem do OROV foi detectada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a entidade, ela provavelmente surgiu no Amazonas entre 2010 e 2014, e se espalhou silenciosamente na segunda metade da década de 2010.

Pedro Vasconcelos, pesquisador emérito do Instituto Evandro Chagas (IEC), explicou em entrevista ao Estadão que mudanças climáticas, desmatamento e migrações humanas são outros fatores que contribuem para a disseminação do vírus.

Primeiras mortes

Segundo Jessica, a preocupação agora é maior do que nos anos anteriores em decorrência dos óbitos registrados. “Antes, era uma arbovirose com um curso mais benigno, sem registro de óbitos”, observa.

Considerando o número de pessoas infectadas e o total de casos que resultaram em morte, a letalidade da doença ainda é considerada baixa, mas a médica reforça que a atenção deve ser redobrada.

O que é a febre de oropouche?

O vírus oropouche (OROV) é transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Ele foi detectado no Brasil na década de 1960, a partir da amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

A doença tem dois ciclos de transmissão: silvestre e urbano. No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. No ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros.

Fonte: Estadão

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