Um novo estudo sugere que a próxima pandemia viral pode emergir do Ártico, em meio ao derretimento das geleiras causadas pelas mudanças climáticas, aumentando os riscos de um “próximo” ebola, gripe ou SARS-CoV-2 chegar mais cedo do que o previsto pelos especialistas, indica um novo estudo.
Na tentativa de identificar os vírus presentes no ambiente, pesquisadores analisaram sedimentos do Lago Hazen, um lago de água doce na parte norte da Ilha Ellesmere, no Canadá (norte do Círculo Polar Ártico). Os cientistas sequenciaram segmentos de DNA e RNA encontrados no solo e usaram um algoritmo de computador para entender como os vírus estão relacionados aos hospedeiros de animais, plantas e fungos presentes na área. Após a análise, a equipe aprendeu sobre o risco de “transbordamento viral”.
O risco é basicamente a capacidade de os vírus alcançarem novas espécies hospedeiras e, eventualmente, continuarem se espalhando – semelhante ao que o mundo viu durante a disseminação inicial do vírus causador da covid-19.
Em artigo publicado no periódico científico “Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences”, os pesquisadores escreveram: “O risco de transbordamento aumenta com o escoamento do derretimento das geleiras, intensificado pelas mudanças climáticas. No norte, o Alto Ártico pode se tornar um terreno fértil para pandemias emergentes”, diz o texto.
Os pesquisadores também compararam o caminho evolutivo de vírus e hospedeiros. Eles buscaram descobrir quais são as variações e semelhanças entre os dois. A comparação pode ajudar os especialistas a entender a possibilidade de uma mudança no status quo e o subsequente transbordamento viral, analisa o Guardian.
“Do ponto de vista evolutivo, os vírus são mais propensos a infectar hospedeiros filogeneticamente próximos de seu hospedeiro natural, potencialmente porque é mais fácil infectar e colonizar espécies geneticamente semelhantes”, escreveram os pesquisadores no artigo.
No estudo, os cientistas lembram, por exemplo, de um surto de antraz – doença infecciosa grave causada por uma bactéria – registrado em 2016 no norte da Sibéria, que matou uma criança e infectou pelo menos sete outras pessoas e foi atribuído a uma onda de calor que derreteu o permafrost e expôs uma carcaça de rena infectada. Antes disso, o último surto na região havia sido em 1941.
Fonte: Um Só Planeta