ARACAJU/SE, 21 de dezembro de 2025 , 17:20:53

SOBRASP: Sergipe contabilizou 446 falhas na assistência à saúde em crianças de 0 a 11 anos no período.

 

 

De acordo com dados recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), compilados pela SOBRASP – Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente – entre 1º de janeiro e 14 de dezembro de 2025 foram notificados no Brasil 459.746 eventos adversos e falhas na assistência à saúde em serviços públicos e privados. Desse total, 47.853 ocorrências envolveram crianças de 0 a 11 anos. Em 2024, foram registrados 43.944 eventos adversos nessa mesma faixa etária.

O estado de Sergipe contabilizou 446 falhas na assistência à saúde em crianças de 0 a 11 anos no período.

É importante destacar que os números apresentados são absolutos e não correspondem a taxas padronizadas (por exemplo, por 100 mil crianças vivas por faixa etária e evento adverso). As faixas etárias analisadas foram: <28 dias; 29 dias a 1 ano; 2 a 4 anos; e 5 a 11 anos. Esses dados podem estar subnotificados, ou seja, podem ser ainda maiores.

 

Os números revelam um cenário preocupante para os pacientes mais vulneráveis: as crianças. Nos hospitais, as principais causas relacionadas aos eventos adversos, envolvendo esse público, são decorrentes de falhas na comunicação entre os profissionais de saúde e os familiares e a falta de envolvimento da própria criança em seu cuidado. Isso tem levado a danos desnecessários como lesões por pressão (dano causado na pele e nos tecidos moles), quedas e a administração incorreta de medicamentos.

UF/BR NÚMEROS DE EVENTOS ADVERSOS DE 01 DE JANEIRO A 14 DE DEZEMBRO DE 2025 – ANVISA
  29 dias a 1 ano 2 a 4 anos 5 a 11 anos TOTAL
< 28 dias
BR 15339 17161 6810 8543 47853
AC 18 5 1 2 26
AL 142 96 24 30 292
AP 5 4 0 1 10
AM 309 248 139 158 854
BA 837 987 424 611 2859
CE 475 750 251 318 1794
DF 697 1245 420 424 2786
ES 258 280 97 150 785
GO 218 546 265 368 1397
MA 337 510 249 295 1391
MT 77 49 29 18 173
MS 387 494 234 257 1372
MG 3657 3459 1091 1538 9745
PA 201 291 169 239 900
PB 822 306 81 124 1333
PR 1053 1041 416 536 3046
PE 695 971 433 610 2709
PI 367 262 86 133 848
RJ 647 811 435 439 2332
RN 282 221 121 140 764
RS 217 465 147 214 1043
RO 53 59 45 47 204
RR 3 74 26 21 124
SC 1101 973 321 404 2799
SP 2179 2653 1155 1302 7289
SE 120 199 60 67 446
TO 182 162 91 97 532
TOTAL 15339 17161 6810 8543 47853

 

Segundo Paola Andreoli, presidente da SOBRASP, a prioridade da entidade é promover cuidados mais seguros a partir da implementação da participação dos pacientes e seus familiares na assistência, diretrizes essas definidas no Plano Global para Segurança do Paciente 2021-2030, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Os gestores de serviços de saúde devem implantar estratégias que permitam a participação e engajamento de pacientes e familiares no cuidado. Talvez a atitude mais importante, contudo, seja a preparação dos processos de cuidado e dos profissionais para que considerem a opinião e preferências dos pacientes e seus familiares. Ouvir os pais e envolvê-los no cuidado é uma importante atitude de segurança”.

Promover a participação do paciente, na melhoria da segurança dos cuidados em saúde, implica a integração deste na tomada de decisão, de forma consciente e informada. “Desta forma, o paciente e seus familiares, em especial quando se trata de crianças e adolescentes, devem conhecer todo o plano de diagnóstico e tratamento delineado pela equipe de saúde, participando de ações como: prover todas as informações sobre histórico de doenças prévias, alergias e outras circunstâncias, identificar mudanças não planejadas ocorridas no cuidado, questionar ativamente as propostas de tratamento e acompanhar sua execução”, alerta a pediatra Priscila Amaral, membro da SOBRASP.

E ainda ressalta que o engajamento dos pais no cuidado da criança é imprescindível para promover a segurança. “Os pais são as primeiras testemunhas quando ocorrem erros de medicação, falhas quanto à adesão aos procedimentos de segurança, como a higiene das mãos, e problemas com transferência de informações durante as mudanças de turno”, finaliza dra Priscila.

Plano Global de Segurança do Paciente 2021-2030 – A OMS lançou o Plano Global de Segurança do Paciente 2021–2030, que reforça o papel de pacientes e familiares como parceiros essenciais para uma assistência à saúde mais segura. A iniciativa propõe o envolvimento ativo da sociedade na construção de políticas e estratégias, além do aprendizado a partir de experiências com cuidados inseguros para o desenvolvimento de soluções mais eficazes. O plano também destaca a importância da transparência nos serviços de saúde, incluindo a comunicação de incidentes aos pacientes e familiares, e do acesso à informação e à educação em saúde, incentivando o autocuidado e a tomada de decisões compartilhadas.

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