ARACAJU/SE, 21 de dezembro de 2024 , 9:25:51

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Transplantes com HIV: funcionária de laboratório se entrega à polícia; um dos donos e técnico seguem presos

 

A funcionária do laboratório PCS Lab Saleme que estava foragida se entregou à polícia no Rio de Janeiro, na tarde desta terça-feira (15).

Ontem (14), Jaqueline Iris de Assis Bacelar estava entre os alvos da operação da Polícia Civil que investiga a infecção com vírus HIV de seis pacientes transplantados. No entanto, ela não havia sido encontrada.

Jaqueline afirma que trabalhava no setor administrativo do laboratório. Entretanto, o nome dela apareceu em exames assinados com o registro de uma biomédica.

A operação Verum prendeu Walter Vieira, um dos donos do laboratório, e o técnico Ivanilson Fernandes. Já um terceiro investigado ainda é procurado pela polícia.

O laboratório privado, contratado por R$ 11 milhões para fazer os testes do programa de transplantes da rede estadual, errou no resultado de exames de dois doadores de órgãos. Com isso, seis pacientes contraíram o vírus HIV após as cirurgias.

Segundo as investigações, houve uma falha operacional no controle de qualidade aplicado nos testes do laboratório com o objetivo de diminuir os custos.

O delegado André Neves explicou que a análise das amostras deixou de ser realizada diariamente para se tornar semanal, o que teria aumentado a chance de erros nos resultados.

O Ministério Público do Rio também abriu quatro investigações para apurar o caso. Uma delas analisa a contratação em caráter emergencial do laboratório que pertence a parentes do ex-secretário de Saúde e atual deputado federal, Dr. Luizinho.

O político negou ter participado da escolha do laboratório e disse que a contratação ocorreu quando ele já não era mais secretário.

Já Secretaria Estadual de Saúde instaurou uma sindicância e alegou ter suspendido o contrato do PSC Lab, que foi interditado pela Vigilância Sanitária.

Além disso, os exames do programa de transplantes voltaram a ser realizados pelo HemoRio. O instituto também vai reavaliar as quase 300 amostras de doadores de órgãos analisadas pelo PSC Lab, entre dezembro de 2023 e setembro de 2024, com intuito de checar se outras falhas ocorreram.

‘Inadmissível’ e ‘não pode ser tolerado’, diz ministra da Saúde sobre transplantes de órgãos com HIV

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, considerou o caso dos pacientes que contraíram HIV após serem transplantados com órgãos infectados com o vírus, no Rio de Janeiro, como um “episódio inadmissível”. Segundo ela, o caso não pode ser tolerado e tem que ser investigado porque “foge das regras e controles” estabelecidos pela pasta para este tipo de procedimento. A fala de Nísia ocorreu durante uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (15).

“É um episódio inadmissível. Estamos com o Ministério da Saúde desde o primeiro momento em que houve a notificação do primeiro caso de uma pessoa que recebeu a doação e foi infectada pelo HIV, agindo em várias frentes, junto com o coordenador do Sistema de Transplante no estado do Rio de Janeiro, junto à Secretaria de Saúde, à Vigilância Sanitária e à Anvisa”, disse Nísia.

“É um caso que não pode ser admitido. Como já declarei em entrevista, é algo inusitado, que nunca aconteceu e não pode ser tolerado. E nós queremos fortalecer a confiança no Sistema Nacional de Transplantes. Um caso como esse tem que ser investigado porque foge das regras e controles que existem”, acrescentou.

Na última sexta-feira (11), seis pacientes transplantados foram diagnosticados com HIV. Os órgãos contaminados foram doados por duas pessoas, mas um laboratório privado que fez os testes nos órgãos antes que eles fossem transplantados não identificou a presença do vírus.

O caso foi descoberto após uma pessoa que recebeu um dos órgãos apresentar sintomas neurológicos. Ao fazer exame de sangue, foi constatada a infecção por HIV. Posteriormente, exames feitos em outros pacientes que receberam órgãos do mesmo doador e de uma segunda pessoa também indicaram a contaminação após os transplantes.

No mesmo dia, o Ministério da Saúde determinou a abertura de uma auditoria urgente no sistema de transplantes do Rio de Janeiro pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema único de Saúde). A ministra também encaminhou uma solicitação para a investigação da Polícia Federal.

“O laboratório não apresentou as condições necessárias para os cuidados que tem que ser ter com os transplantes. Esse caso está em uma esfera criminal, ele foge de qualquer cumprimento de parâmetros que já existem”, afirmou Nísia.

Diante do cenário, a ministra disse que vai reforçar as medidas de testagem de órgãos doados para transplante, entre eles o teste NAT, responsável para detecção do HIV e outras doenças.

Fonte: R7

 

 

 

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