O início do ano, com o verão chegando ao seu ápice, é um momento crítico para a disseminação de arboviroses, especialmente a dengue. Em 2025, o cuidado e a prevenção podem ser ainda mais urgentes. Isso acontece porque, segundo o Ministério da Saúde (MS), grande parte dos casos, em São Paulo, têm sido pelo sorotipo 3 da dengue, uma variante que não era predominante há pelo menos 17 anos.
A doença tem quatro sorotipos diferentes e a infecção por um deles garante proteção contra este por toda a vida, mas não impede a contração de outras variantes. Como o tipo 3 não circula há pelo menos uma década e meia, uma grande parte da população, especialmente crianças e adolescentes, não têm essa proteção, o que dá ao vírus um campo fértil para se disseminar. “Esse dado acendeu um alerta no Ministério”, diz a secretária de Vigilância e Saúde, Ethel Maciel, em entrevista a VEJA. “É uma preocupação porque isso pode fazer com que tenhamos mais casos do que gostaríamos”.
E o nível de perigo já ficou evidente no ano passado. O sorotipo 2 não circulava desde 2019, mas ele voltou à tona em 2024. Em associação ao aumento de temperatura provocado pelas mudanças climáticas e pelo El Niño, isso fez com que o país batesse recordes da doença, com mais de 6,4 milhões de casos, um aumento de 303% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número de mortes em decorrência da dengue passou dos 6 mil.
Como evitar a explosão de casos de dengue?
Uma outra preocupação se soma a essa. “No início de ano temos mudança em cerca de 4 mil gestões municipais”, diz Maciel. “Isso nos preocupa porque, por enquanto, os números não estão altos, mas até que as coisas comecem a ser organizadas pelos prefeitos, podemos ter um aumento nos casos”.
Justamente por esse motivo, a pasta emitiu um informe técnico, recomendando que as prefeituras deem prioridade às ações de combate à arboviroses nesse início de gestão. Entre as medidas estão o monitoramento e a notificação dos casos suspeitos, a investigação das mortes, o controle vetorial (visitas domiciliares e borrifação de inseticidas), a organização dos serviços de saúde e a capacitação profissional.
Isso é importante porque, enquanto os casos ainda estão contidos, as medidas de combate ao vetor têm um impacto maior na prevenção de um surto de casos, algo muito difícil de ser feito uma vez que o vírus começa a circular de maneira mais ampla.
Como combater a dengue em casa?
A responsabilidade do poder público não exime a população das ações de combate. Estima-se que 75% dos focos estejam nas casa, e, por isso, para evitar a proliferação do Aedes aegypti são importantes medidas como:
– Evitar água parada em pneus, latas, lonas e garrafas vazias
– Observar plantas e potes que possam acumular água
– Limpar a caixa d’água regularmente e mantê-la fechada
– Desentupir calhas
– Eliminar entulhos
– Cobrir piscinas que não estejam em uso
– Permitir a visita de agentes comunitários de saúde
O uso de repelentes e inseticidas, embora limitados, também podem ajudar a evitar a infecção. Além disso, de acordo com as recomendações do MS, “todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter tratamento oportuno”.
Fonte: VEJA