A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) abriu, nessa segunda-feira (9), uma consulta pública para avaliar a inclusão do Wegovy (semaglutida 2,4 mg) na rede pública de saúde como tratamento para obesidade em pacientes com doença cardiovascular estabelecida, sem diabetes, a partir dos 45 anos. Caso aprovada, a medicação será a primeira opção farmacológica contra a obesidade disponível pelo SUS.
A proposta da Conitec, órgão ligado ao Ministério da Saúde, está aberta para receber contribuições da sociedade civil e da comunidade médica até 30 de junho. O medicamento, cujo princípio ativo é a semaglutida na dose de 2,4 mg, é produzido pela farmacêutica Novo Nordisk e comercializado como Wegovy. Atualmente, é o único aprovado no Brasil para o tratamento da obesidade com benefício adicional comprovado na redução dos riscos cardiovasculares.
Segundo Priscilla Mattar, vice-presidente da Área Médica da Novo Nordisk no Brasil, o tratamento da obesidade pelo SUS atualmente se baseia apenas em mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios físicos, e, em casos mais graves, na cirurgia bariátrica.
Ela destaca, entretanto, que existe uma lacuna importante entre essas duas abordagens, pois muitos pacientes não respondem adequadamente apenas às intervenções comportamentais e, ao mesmo tempo, não se qualificam ou não desejam se submeter à cirurgia.
“A semaglutida 2,4 mg preenche essa lacuna ao oferecer, pela primeira vez na rede pública, uma opção farmacológica comprovada e eficaz para o tratamento da obesidade, auxiliando pacientes que necessitam de uma intervenção adicional antes de considerar a cirurgia, ou ainda, na manutenção dessa perda significativa de peso”, afirma.
A aprovação do medicamento pela Anvisa para o tratamento da obesidade e do sobrepeso com comorbidades ocorreu em janeiro de 2023. O Wegovy chegou às farmácias brasileiras em agosto de 2024.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, lançado pela Federação Mundial da Obesidade, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com sobrepeso, número que pode chegar a 1,5 bilhão até 2030. No Brasil, cerca de 68% dos adultos têm sobrepeso, sendo 31% classificados como obesos.
Além dos benefícios à saúde, a Novo Nordisk destaca o impacto econômico da obesidade no sistema público. Um estudo da Unifesp mostrou que, em 2019, R$ 1,5 bilhão dos R$ 6 bilhões gastos com doenças crônicas foram atribuídos ao excesso de peso.
“Oferecer um tratamento eficaz na rede pública pode ajudar a salvar vidas e a reduzir os custos com complicações associadas, como diabetes e AVC”, afirma Leonardo Bia, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da empresa.
Fonte: InfoMoney