ARACAJU/SE, 21 de junho de 2025 , 14:48:16

Inverno 2025: Santa Catarina investe em melhorias para impulsionar turismo

 

Quando o inverno tem início no Brasil e as temperaturas começam a baixar, é difícil não pensar no município de São Joaquim, em Santa Catarina, cuja altitude ultrapassa 1.300 metros. Na cidade, ver neve é a grande atração — e a movimentação de turistas se intensifica entre junho e agosto. O estado, no geral, desponta como um dos principais destinos nessa época do ano: com o lançamento da Estação Inverno pelo governo, estima-se que aproximadamente um milhão de visitantes passem por Santa Catarina na temporada de 2025.

Devido a essa demanda, o governo catarinense tem anunciado novos investimentos em segurança pública, saneamento básico e energia elétrica para receber os visitantes. A expectativa é de um alto impacto econômico. De acordo com uma pesquisa da Fecomércio SC realizada em 2023, os gastos dos turistas nos meses de julho e agosto daquele ano apresentaram crescimento expressivo. Os valores desembolsados com hospedagem e alimentação registraram um aumento de 17% em relação ao ano anterior, enquanto as despesas com lazer subiram 14% em relação à média histórica.

Esse crescimento no setor turístico do estado reflete diretamente o desenvolvimento das regiões serranas, compostas por 19 cidades, que devem receber não apenas visitantes locais, mas também um grande fluxo de estrangeiros. No ano passado, foram inauguradas conexões aéreas entre Florianópolis e Lisboa, bem como com o Panamá, fortalecendo o turismo de inverno em território nacional. Além da ligação com a Europa e a América Central, Santa Catarina tem se tornado um destino atrativo para turistas dos Estados Unidos, atualmente o quarto maior grupo de visitantes internacionais do estado. Como resultado, em 2024 houve um aumento de 71% na chegada de turistas estrangeiros, totalizando quase meio milhão de pessoas.

Temperaturas abaixo de zero

Além da neve e das temperaturas abaixo de zero (em maio, os termômetros chegaram a marcar -1,1 °C), São Joaquim conta com as vinícolas mais famosas do Brasil, oferecendo aos turistas a chance de conhecer o processo de produção do vinho, degustá-lo e desfrutar das paisagens dos vinhedos.

No município, o turismo foi impulsionado pela reabertura do Aeroporto Ismael Nunes no ano passado. Homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), estava inativo desde 1992. Atualmente, o espaço está pronto para receber jatos executivos de quem deseja experimentar o melhor da região.

Já em Urupema, que também disputa o título de “cidade mais fria do Brasil”, as temperaturas podem chegar a -8 °C e a ocorrência de geadas e neve é comum durante os meses de inverno. Lá, a cascata que congela surpreende os visitantes. A queda d’água se transforma em gelo no inverno.

A 74 quilômetros de Urupema, está o mirante da Serra do Rio do Rastro, em Bom Jardim da Serra, que oferece uma paisagem inesquecível, coberta por neblina e geada típicas da estação. O ponto de observação fica a quase 1.500 metros de altura e, em dias favoráveis, é possível enxergar o mar a quase 100 quilômetros de distância. As temperaturas podem chegar a 8 °C. Juntamente com Urubici, essas cidades compõem a famosa “rota da neve”, um dos destinos mais procurados do sul do Brasil durante a estação mais fria do ano.

Contato com a natureza

A região serrana se destaca pelas diversas opções para quem gosta de praticar turismo de aventura em meio a uma natureza marcada pelas araucárias. No extremo sul do estado, por exemplo, os cânions dos Aparados oferecem experiências únicas de ecoturismo, como trilhas, voos de balão, cavalgadas e outros tipos de passeios ao ar livre para quem busca o contato direto com a natureza. O parque está situado entre os municípios de Praia Grande, Jacinto Machado, Morro Grande e Timbé do Sul, com preços que variam entre R$ 100 e R$ 550.

Já quem prefere experiências aconchegantes durante o inverno, as águas termais também são um ótimo destino para relaxar e se aquecer. Em Santa Catarina, elas podem ser encontradas nas cidades de Águas Mornas, Itá, Piratuba e Tubarão.

Gastronomia

Todas as cidades da Serra Catarinense têm seus encantos e algo em comum entre elas: explorar a região é um convite a saborear boas experiências. No estado, existem aproximadamente 80 vinícolas, a maioria concentrada na Serra, que conta com quase 30 produtores locais, colocando Santa Catarina no pódio do ranking nacional de produção de Vinhos de Altitude — aqueles produzidos a partir de uvas cultivadas em vinhedos localizados em regiões elevadas, geralmente a mais de 1.000 metros acima do nível do mar, resultando em uma intensidade aromática.

A culinária também é um atrativo à parte. Quem visita as cidades se encanta com a diversidade de frutas nativas, além do mel e dos queijos artesanais, típicos da localidade. Outro destaque gastronômico é o cogumelo porcini — uma iguaria da culinária europeia que pode ser encontrada entre os meses de maio e julho na Serra. No entanto, sua coleta não é simples: ele cresce escondido sob a palha do chão das florestas, transformando a busca em uma verdadeira caça ao tesouro.

Além da boa comida, a Serra também é famosa pelo pinhão, a semente que tornou-se símbolo do inverno catarinense. A temporada de colheita se inicia oficialmente em abril e é tão importante que deu origem a uma tradicional festa local, repleta de pratos típicos e atrações musicais, realizadas na cidade de Lages. Neste ano, a celebração, que chega à sua 35ª edição, vai acontecer de 6 a 22 de junho.

Para quem prefere um passeio mais tranquilo, a região oferece uma grande variedade de cafés coloniais, cuidadosamente preparados e acompanhados de tortas e pães fresquinhos. São passeios encantadores que podem ser aproveitados tanto a dois quanto em família, tornando a experiência ainda mais especial.

Fonte: Valor Econômico

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