ARACAJU/SE, 20 de abril de 2025 , 18:14:42

Mais de 50% dos brasileiros já tiveram algum relacionamento não monogâmico, estima estudo

 

Um estudo inédito no Brasil indica que 53% da população já esteve em algum tipo de relação de não exclusividade romântica ou sexual. Ele sugere ainda que 21% das pessoas acreditam que a não monogamia será o modelo predominante no futuro, enquanto outros 32% reconhecem que os relacionamentos abertos poderão se tornar tão comuns quanto os fechados.

O “Mapa da Não Monogamia” foi desenvolvido por pesquisadores da Dive Marketing, em encomenda para a Gleeden, empresa responsável pelo aplicativo de paquera de mesmo nome que conecta indivíduos interessados em encontros extraconjugais. Os resultados levantados foram disponibilizados na íntegra em seu site.

Os pesquisadores conduziram 1.773 entrevistas com homens e mulheres com mais de 18 anos. Majoritariamente, os respondentes se identificaram como sendo heterossexuais, mas a amostra também contou com alguns representantes homossexuais, bissexuais e assexuais. A margem de erro dos resultados foi calculada em aproximadamente 2,33%.

Experiências não monogâmicas

A pesquisa aponta que, no território nacional, 42% das pessoas entendem a não monogamia como algo positivo, ante 34% que a veem de forma negativa. Dentre as características mais atribuídas a esse tipo de relacionamento são citadas a transparência entre os parceiros (38%) e a liberdade emocional e sexual (36%).

Cinco em cada dez entrevistados já parecem ter vivido alguma experiência não monogâmica. Para definir isso, foram consideradas: relações abertas (29%), infidelidade (28%), polifidelidade (26%), ménage à trois (25%), poliamor (20%), poligamia (17%) e swings (14%).

Na comparação com outros países da América Latina, o Brasil apresentou maiores casos de não monogamia em quase todas as suas configurações. O destaque fica, inclusive, para a polifidelidade, que se refere à prática de manter mais de um relacionamento “exclusivo” – como, por exemplo, homens que têm duas famílias ao mesmo tempo. Enquanto por aqui essa média está em 26%, no contexto latino geral ela é de 13%.

O Brasil também se destaca na pesquisa por apresentar os menores índices de prioridade à honestidade e abertura na comunicação sobre outras relações em contextos não monogâmicos. Enquanto Argentina (78%), México (76%) e Colômbia (71%) demonstram uma forte inclinação para esse tipo de diálogo transparente, o país fica atrás com 64%.

Isso não significa que os envolvidos nesse tipo de modelo de relacionamento mentem para os seus parceiros. Na verdade, isso é indicativo que existe uma maior diversidade nos tipos de acordos de funcionamento dos namoros e casamentos.

Por aqui, as pessoas apresentam uma adesão significativa à estratégia de compartilhar apenas informações previamente combinadas. Tal abordagem intermediária é escolhida por até 10% dos brasileiros, enquanto nos demais países esse percentual varia entre 0% e 3%.

Vale destacar que 89% dos entrevistados no território nacional enfrentaram pelo menos uma barreira ao adotar (ou tentar adotar) esse modelo de relacionamento. Dentre elas, destacam-se pontos de ética ou crenças pessoais, a dificuldade de estabelecer limites ou acordos e os problemas para manter uma comunicação eficaz entre todos os envolvidos.

Diferenças geracionais

O estudo da Gleeden ainda expôs a forma como as diferentes gerações no Brasil encaram as suas vidas românticas e sexuais. Assim, concluiu-se que 80% dos indivíduos com menos de 25 anos associam seus relacionamentos à exploração, curiosidade e abertura para a diversidade, enquanto 64% daqueles com mais de 50 anos enxergam suas relações pautadas pela liberdade, conexão e prazer emocional.

Entre os mais jovens, 72% destacam a liberdade e o prazer sexual como fatores centrais, enquanto 63% reconhecem os desafios relacionados à estigmatização ou invisibilização. Além disso, 61% deles enfatizam a importância da educação sexual e do consentimento.

Por sua vez, quando as pessoas mais velhas foram perguntadas, descobriu-se que 63% deles destacam a capacidade de adaptação a mudanças e 61% ainda enfrentam desafios relacionados à estigmatização e invisibilização. A educação sexual e o consentimento são considerados importantes por 57%, enquanto 47% mencionam a liberdade e o prazer sexual.

A diferença de prioridades entre os dois grupos pode ser explicada pelas mudanças sociais e tecnológicas dos últimos anos, afirma Silvia Rubies, uma das responsáveis pelo Mapa da Não Monogamia: “Se os Boomers dependiam do presencial e dos círculos sociais mais restritos para encontrar parceiros, hoje, a GenZ já tem acesso a um universo digital, que amplia as possibilidades de conexão, mas também redefine as dinâmicas de intimidade e compromisso”.

Fonte: Revista Galileu

 

 

 

 

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