Nos últimos anos, a sustentabilidade tem se tornado um ponto focal na indústria da moda, tradicionalmente associada ao consumo excessivo e à produção em massa. Essa mudança é impulsionada pela necessidade urgente de mitigar os significativos impactos ambientais e sociais resultantes dessas práticas. De acordo com a Ellen MacArthur Foundation, a indústria da moda é responsável por uma grande parte das emissões globais de carbono, além de consumir uma quantidade substancial de recursos naturais e produzir aproximadamente 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis a cada ano.
Nesse cenário, é essencial assegurar que a busca pelo lucro econômico não seja a única prioridade. A sustentabilidade se destaca como uma necessidade crucial, buscando equilibrar o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Esse desafio requer uma maior consciência individual e uma colaboração ampla entre instituições públicas e privadas para uma transformação duradoura.
Abordar essa tríade na indústria da moda vai além de uma simples escolha; é
uma urgência inegável. Embora seja um desafio complexo, há diversas abordagens para trabalhá-lo:
1) Desenvolvimento Econômico
- Investimento em práticas de produção éticas e sustentáveis, como pagamento de salários justos e garantia de condições de trabalho seguras.
- Apoio às empresas locais e comunidades para estimular o crescimento econômico e a geração de empregos.
- Promoção de modelos de negócios que valorizem a qualidade e durabilidade dos produtos.
- Essa informação é respaldada por dados e relatórios da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e de ONGs como a Oxfam.
2) Desenvolvimento Social:
- Garantia de condições de trabalho dignas e respeito aos direitos humanos em todas as etapas da produção.
- Inclusão e diversidade em toda a cadeia de abastecimento para promover oportunidades equitativas.
- Capacitação de comunidades marginalizadas por meio de programas de treinamento e educação.
- • Relatórios de organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, confirmam esses dados.
3) Desenvolvimento Ambiental:
- Adoção de práticas de produção sustentáveis para minimizar o impacto ambiental.
- Implementação de estratégias de gestão ambiental para conservar os recursos naturais.
- Promoção de uma mentalidade de consumo consciente entre os consumidores.
- Relatórios e dados de organizações ambientais globais, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Greenpeace, confirmam essas práticas.
O caminho da mudança vem sendo trilhado, pois, cada vez mais, movimentos como o Fashion Revolution ganham força e surgem iniciativas em todo o mundo, como swaps shops (trocas de roupas), vendas de roupas por peso e o crescimento do mercado de segunda mão. Além disso, semanas de moda sustentáveis, como a de Copenhague, a Circular Sustainable Fashion Week de Madrid e a Berlin Fashion Week, na Europa, têm apresentado destaque. A Liga de Artesãos do próprio Fashion Revolution também desempenha um papel importante, promovendo a valorização do trabalho artesanal e a valorização de
saberes ancestrais.
Na América Latina, destacam-se o Brasil Eco Fashion Week e o Universo MOLA Fashion Week, promovido pelo programa Universo MOLA (moda latinoamericana) da Fundação Entre Soles y Lunas. Este último, além de servir como uma grande passarela para marcas de vários países latinos, oferece capacitações a designers, artesãos e empreendedores em temas como sustentabilidade e regeneração, abrindo-lhes portas para mercados internacionais. Um exemplo é a marca uruguaia de artigos de couro artesanal Tenaz, que faz parte do coletivo do Universo MOLA e apresentará seu trabalho em Madri na próxima semana.
A transformação da moda em uma indústria mais ética e sustentável é fundamental para enfrentar os desafios ambientais e sociais que estamos vivendo. Empresas que adotam esses valores não apenas contribuem para um mundo mais justo e responsável, mas também conquistam a confiança e a lealdade de consumidores cada vez mais conscientes. Quando alinhada com a ética, a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa, a moda tem o poder de ser uma força para o bem, influenciando positivamente a sociedade e o planeta.
