A tentativa de desenvolver economicamente a região amazônica impactou negativamente o meio ambiente ao mesmo tempo que contribuiu para o favorecimento de atividades ilegais pautadas na violência e criminalidade. Tal modelo, além de desestimular a busca por novas matrizes econômicas regionais, também expôs as populações locais à insegurança, vulnerabilidade e pobreza.
A partir da agregação de leituras, chegamos à conclusão de que não temos uma única Amazônia, e sim uma região heterogênea constituída por “várias amazônias” com potencialidades e desafios distintos, com a presença de diferentes padrões de ocupação humana, uso da terra e conflitos socioeconômicos.
Frente ao cenário amazônico, busca-se um modelo de desenvolvimento econômico mais adequado aos desafios regionais: uma economia da floresta. Tal modelo deve substituir o atual com práticas exploratórias e fazer uma transição para um mais produtivo, que concilie lucro com a preservação ambiental e que cuide das pessoas.
A nova economia da floresta deverá gerar produtos e serviços ambientais, melhorar as condições de vida da população que vive na floresta ao mesmo tempo, que oportunizará a geração de emprego e renda verde na região.
Assim, ao invés de desmatar e degradar, o foco deve ser restaurar e reflorestar: a recuperação de paisagens e floresta contribui para a recomposição da função ecológica e produtiva das áreas degradadas.
Ponto relevante nesta discussão é a necessidade do fortalecimento de empreendimentos socioambientais com foco na superação dos problemas sociais, econômicos e ambientais locais e regionais. Para tanto, tais empreendimentos devem ter o potencial de agir como agentes indutores do desenvolvimento sustentável.
Outra proposta aqui pautada são as atividades agroflorestais, que constituem uma forma de uso e ocupação do solo onde árvores são plantadas ou manejadas em associação com outras culturas agrícolas, garantindo a melhora nos aspectos ambientais e na produção de alimentos.
Um último destaque é a “bioeconomia amazônica” que compreende toda atividade econômica derivada de bioprocessos e biprodutos, contribuindo para soluções eficientes no uso de recursos biológicos frente aos diversos desafios.
Para tanto, reiteramos que o cenário amazônico demanda novos modelos de desenvolvimento, mais sustentáveis, menos desiguais e mais inclusivos, com foco nas pessoas e no planeta.
O Brasil, através da biodiversidade amazônica, tem uma oportunidade única de transformar as vantagens comparativas em competitivas (liderança nos novos segmentos bioeconômicos, competitividade no uso e transformação dos recursos da biomassa e inserção em mercados internacionais).
Por fim, a Amazônia precisa ser vista como prioridade para o desenvolvimento sustentável e o esverdeamento econômico. “A Amazônia é solução e não problema”.
Profa. Dra. Michele Lins Aracaty