ARACAJU/SE, 18 de outubro de 2024 , 1:20:54

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A ascensão matrizes energéticas em Sergipe

Diante da imersão realizada nessa semana, numa ação da Secretaria de Planejamento Orçamento e Inovação (Seplan) e Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE), no projeto Sergipe 2050, que tem a participação do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, discutimos muito sobre como nosso estado tem um potencial extraordinário para se destacar no cenário energético do país nos próximos anos. Em uma transição global rumo à descarbonização e à adoção de fontes energéticas mais limpas, o estado encontra-se em uma posição estratégica para desenvolver novas matrizes energéticas, com destaque para a energia solar, eólica e o emergente hidrogênio verde. 

Até 2050, essas tecnologias podem transformar Sergipe em um hub de energia renovável e sustentável, impulsionando a economia local e contribuindo para o cumprimento de metas globais de combate às mudanças climáticas? Essa é questão a questão a ser resolvida. Temos como? Obviamente que sim. Vamos descomplicar a economia através do entendimento das matrizes energéticas em quatro partes. 

 

Energia Solar

Sergipe, assim como outros estados nordestinos, tem características climáticas extremamente favoráveis para a geração de energia solar. Com uma alta incidência de radiação solar ao longo do ano, o estado oferece condições ideais para a instalação de parques solares de grande porte. A energia solar fotovoltaica já demonstra ser uma opção viável, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico, especialmente em regiões semiáridas, onde a insolação é abundante e constante.

Investimentos em usinas solares poderiam não apenas abastecer o consumo local de energia, mas também gerar excedentes energéticos que podem ser exportados para outras regiões do Brasil. Além disso, o custo de instalação dos painéis solares está em queda, tornando essa matriz cada vez mais competitiva em comparação com fontes fósseis. Em um futuro de médio prazo, Sergipe tem o potencial de se tornar um polo de energia solar, atraindo investimentos privados e fomentando a geração de empregos no setor.

 

Energia Eólica

Outro grande ativo energético de Sergipe é o seu potencial eólico. Embora ainda pouco explorada no estado, a energia eólica já provou ser um sucesso em outras partes do Nordeste, como no Rio Grande do Norte e na Bahia. Os ventos constantes e fortes, especialmente na faixa litorânea de Sergipe, criam um cenário promissor para o desenvolvimento de parques eólicos.

A energia eólica oferece uma matriz limpa e de baixo impacto ambiental. Com a tecnologia se tornando mais eficiente e o custo de geração de energia caindo consideravelmente nos últimos anos, a expectativa é que Sergipe possa seguir o caminho de outros estados nordestinos e investir mais significativamente nessa fonte. Além disso, a complementaridade entre a geração solar e eólica — já que a incidência de ventos tende a ser maior durante a noite e em meses menos ensolarados — cria um sistema de geração de energia renovável mais estável e confiável.

 

A Próxima Fronteira Energética

Apesar do grande potencial solar e eólico, é o hidrogênio verde que pode redefinir o futuro energético de Sergipe. Esse tema foi o que mais me chamou a atenção nas discussões, e com o esclarecimento que foi dado pelo secretário Júlio Filgueira. O hidrogênio verde é produzido a partir da eletrólise da água, utilizando energia de fontes renováveis, como solar e eólica. É considerado uma das soluções mais promissoras para descarbonizar setores que são difíceis de eletrificar, como a indústria pesada, o transporte marítimo e aéreo, além de servir como armazenamento de energia em larga escala.

A região Nordeste, em particular, está se tornando uma referência no desenvolvimento do hidrogênio verde no Brasil. O acesso a fontes renováveis abundantes coloca Sergipe em uma posição de destaque, pois a infraestrutura para a produção e exportação de hidrogênio verde pode ser estrategicamente construída, aproveitando-se dos portos e da proximidade com outros grandes mercados consumidores.

Até 2050, o hidrogênio verde tem o potencial de se tornar uma matriz energética dominante, não apenas em Sergipe, que tende a levar muita vantagem devido às condições geográficas e hidrográficas, mas no mundo. Isso ocorre porque ele oferece a possibilidade de estocar grandes quantidades de energia renovável, que podem ser utilizadas de maneira flexível para atender à demanda variável ou exportadas para mercados internacionais que buscam alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis. Com políticas públicas adequadas, incentivos governamentais e investimentos privados, Sergipe pode se posicionar como um dos principais produtores de hidrogênio verde no Brasil.

 

O Caminho até 2050

A transição energética de Sergipe até 2050 dependerá de uma combinação de fatores, incluindo inovação tecnológica, políticas governamentais de incentivo à energia renovável e a capacidade de atração de investimentos. Os projetos de hidrogênio verde estão em fase inicial no Brasil, mas o interesse global em descarbonização, combinado com o avanço das tecnologias de eletrólise e queda nos custos, sugere que este mercado poderá crescer rapidamente na próxima década.

Além disso, a integração entre as diferentes matrizes energéticas — solar, eólica e hidrogênio verde — será crucial. A geração solar e eólica podem fornecer a energia necessária para produzir hidrogênio verde de forma competitiva. Dessa forma, Sergipe poderá diversificar sua matriz energética, reduzir sua dependência de fontes fósseis e se posicionar como um líder na exportação de energias limpas.

Sergipe tem um caminho claro para se destacar no cenário energético nacional e global até 2050. A combinação de energia solar, eólica e hidrogênio verde oferece uma oportunidade única para o estado se tornar um polo de energia renovável. Com uma abordagem estratégica e sustentável, Sergipe não apenas impulsionará sua economia, mas também contribuirá significativamente para os esforços globais de combate às mudanças climáticas, transformando-se em um modelo de transição energética no Brasil.