ARACAJU/SE, 2 de abril de 2025 , 1:24:39

A bioeconomia para combater a pobreza e reduzir o desmatamento na Amazônia

 

 

A Amazônia foi palco de modelos de desenvolvimento regional exógenos hoje avaliados como inadequados para a região, visto não considerarem as potencialidades regionais ao passo que contribuíram para a concentração de riqueza impactando negativamente sobre o meio ambiente e as populações tradicionais.

Para tanto, clama-se por um modelo desenvolvimentista endógeno que considere as peculiaridades das diversas “amazônias”, os hábitos, os costumes, a cultura, as tecnologias sociais, os conhecimentos tradicionais, promovendo melhorias dos indicadores socioeconômicos, reduzindo o abismo regional.

A partir das potencialidades regionais e da biodiversidade amazônica, a Bioeconomia aparece como uma proposta viável para combater a pobreza e reduzir o desmatamento ilegal na região. Para tanto, os empregos gerados a partir desta nova abordagem contribuiriam para desestimular a ilegalidade e impulsionar a geração de renda na região.

Acerca da Bioeconomia, constitui um conceito em construção e a partir das peculiaridades do lugar devendo seguir as diretrizes da Bioeconomia Amazônica que deve ser pautada em planejamento e ações coordenadas para corrigir as distorções regionais, reduzir o abismo do desenvolvimento ao mesmo tempo, em que garante a preservação da biodiversidade amazônica pautada na floresta em pé.

Ademais, a Bioeconomia Amazônica a ser implementada deve ser implementada a partir de investimentos públicos e privados, deve valorizar as potencialidades regionais, a cultura, os conhecimentos tradicionais, a tecnologia, a ciência e a inovação alinhando crescimento econômico com a preservação ambiental ao passo que reduz as vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais.

Consoante o Instituto Escolhas (2023), a redução de 1% de pessoas em situação de extrema pobreza–ou 35 mil pessoas–tem o potencial de diminuir em 3,3% o desmatamento na Amazônia Legal, o equivalente a 27 mil hectares. Já o aumento em 1% do índice de empregos formais – 42 mil postos de trabalho–poderia diminuir em 8,4% o desmatamento na região, o equivalente a 67,2 mil hectares. Os dados reforçam a importância de se conjugar políticas de combate ao desmatamento e políticas de combate à pobreza.

Aliado ao modelo bioeconômico cabem ações voltadas à recuperação de áreas degradadas a partir do reflorestamento. O plantio de árvores também exerce uma função econômica muito grande, a partir da geração de postos de trabalho e renda para a população. Ademais, o reflorestamento também contribui para a captura de carbono, mitigando os efeitos das mudanças climáticas ao mesmo tempo, em que reduz a temperatura.

Por fim, investir na Bioeconomia é o melhor caminho não só para conservar a floresta em pé, mas também para viabilizar a restauração ambiental e contribuir para reduzir a vulnerabilidade social e econômica da Amazônia.

 

Profa. Dra. Michele Lins Aracaty