ARACAJU/SE, 7 de setembro de 2024 , 20:53:22

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A produção de cachaça em Sergipe

Recentemente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ANPAQ e GS1 Brasil, divulgou o Anuário da Cachaça 2024. Trata-se de uma publicação que é o principal levantamento de dados oficiais do setor, para a difusão de dados, referentes ao ano anterior, e para o fomento de discussões relevantes.

Assim, neste breve ensaio, apresentarei alguns dados do setor e as informações sobre a produção de cachaça em Sergipe.

Do ponto de vista de conhecimento, conforme consta no Instituto Brasileiro de Cachaça (IBRAC), a cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, tendo como matéria-prima exclusiva o mosto fermentado do caldo da cana-de-açúcar, com teor alcoólico de 38% a 48%. Atualmente, é um dos destilados mais consumidos no mundo, sendo produzida em várias destilarias espalhadas pelo Brasil. De acordo com o IBRAC, a palavra cachaça é um lusitanismo da palavra espanhola cachaza, que é um subproduto anterior à cristalização do açúcar. Assim, a palavra é, portanto, um brasileirismo usado no século XVI, para denominar a nossa aguardente de cana. Cabe ressaltar que a cachaça é o primeiro destilado da Américas, tendo surgido antes do pisco, da tequila, do rum e o Bourbon.

Outras informações relevantes sobre a cachaça é que ela é um destilado diferenciado, pois é o único que utiliza mais de 30 tipos de madeira para armazenamento e envelhecimento, o que lhe confere uma rica variedade de cores, aromas e sabores e que ela foi utilizada inicialmente contra o frio e a umidade, ganhando assim, vários empregos na medicina empírica: picada de cobra, constipação, fraqueza, maleita, catarro no peito e impotência.

No Anuário que tem os dados de 2023 verifica-se que temos 1.217  cachaçarias registradas, decorrente de um crescimento de 7,8% com base no ano anterior. Minas Gerais é o estado com maior número de estabelecimentos registrados, com a marca de 504 estabelecimentos, o que corresponde a 41,4% das cachaçarias do país. Para alcançar tal marca o estado apresentou um crescimento de 7,7%, com 36 estabelecimentos a mais em relação a 2022.

Outros grandes produtores do Brasil são os estados de São Paulo, com 11 cachaçarias a mais em relação a 2022, e Paraná, com aumento de 10 cachaçarias em relação ao ano anterior. Por região, o Sudeste, com 819 cachaçarias, possui o maior número de estabelecimentos registrados, concentrando 67,3% do total de cachaçarias do Brasil.

Rio de Janeiro e Sergipe foram os únicos estados que apresentaram diminuição do número de estabelecimentos registrados, com redução de 2% e 50%, respectivamente. Em ambos estados, houve o decréscimo de 1 cachaçaria registrada em relação ao ano anterior.

Além de Amapá e Roraima, que não possuem cachaçarias, Piauí e Sergipe são os estados com menor dispersão de cachaçarias, ambos possuindo estabelecimentos registrados em somente 1,3% de seus municípios, o que corresponde, respectivamente, a 3 e 1 cachaçaria registrada.

Cabe registrar que Sergipe não é o único estado com apenas uma cidade com presença de cachaçaria, sendo acompanhado por Acre e Amazonas, cuja marca corresponde, respectivamente, a 4,5% e 1,6% de seus municípios com estabelecimentos registrados.

Um aspecto positivo da produção de cachaça em Sergipe é de que o estado detém a média mais elevada, com 16 produtos registrados por estabelecimento, além disso é o estado com maior média de marcas em registros de produto por estabelecimento, com 64 marcas de cachaça para cada cachaçaria registrada.

Pelo apresentado alguns alambiques ainda não estão devidamente registrados poderiam ampliar o número de cachaçarias em Sergipe. No Anuário da Cachaça de 2024, com os dados de 2023 é sinalizado que em relação às cachaças registradas existe um contraste com os números de estabelecimentos.

Conforme consta no Anuário da Cachaça, o registro de estabelecimentos é a formalidade administrativa que autoriza as cachaçarias a funcionarem, considerando a atividade e linha de produção, bem como a sua capacidade técnica e condições higiênico-sanitárias.

Do ponto de vista legal, entende-se genericamente por cachaçaria, o estabelecimento produtor, padronizador, envasador ou atacadista de cachaça que disponha de instalações, equipamentos e capacidade técnica para a correta execução destas atividades, entre outros requisitos. Destacando que não existe uma definição legal para cachaçaria artesanal, micro cachaçaria ou nanocachaçaria. Do ponto de vista do Ministério da Agricultura, tais estabelecimentos estão sujeitos a exatamente as mesmas regras e procedimentos de registro como qualquer outra cachaçaria, ainda que eventualmente existam legislações em outras esferas para fins de zoneamento, licenciamento ou tributação.

Entende-se que estimular a produção de cachaça em Sergipe será relevante para a economia local, com a possibilidade de geração de emprego no seu processo produtivo. O setor de turismo pode ser beneficiado com a ampliação de cachaçarias em Sergipe, pois se alguns em seus roteiros turísticos visitam vinícolas e cervejarias artesanais, seria mais uma opção e roteiro turístico em Sergipe, a visitação de cachaçarias, que estimulariam e dinamizariam a economia dos municípios com movimentação nos restaurantes e lojas de souvenires.