A recente elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida implementada pelo Governo Federal, trouxe um impacto direto e imediato sobre a atividade econômica brasileira. O tributo, que incide sobre operações como empréstimos, financiamentos, câmbio, seguros e uso do cartão de crédito no exterior, já possui uma natureza regressiva — penaliza proporcionalmente mais os que têm menor poder aquisitivo. Com a alta, o efeito se multiplica e se espalha em diversas camadas da economia, gerando entraves ao consumo e ao investimento.
Para o setor empresarial, especialmente as micro e pequenas empresas que dependem de capital de giro, o aumento do IOF encarece o crédito, diminui a margem de manobra para investir e afeta a sustentabilidade de negócios em um cenário já marcado por juros elevados. As empresas que operam com financiamento rotativo ou recorrem a empréstimos de curto prazo passam a enfrentar um custo financeiro ainda mais alto, o que reduz sua competitividade e capacidade de geração de empregos. No comércio e na indústria, isso significa retração da produção e do consumo, criando um ciclo negativo.
Os consumidores também sentem no bolso. As operações de crédito pessoal, o uso do cartão no exterior e até mesmo financiamentos de bens duráveis se tornam mais caros, o que desestimula a demanda interna. Para as famílias brasileiras já endividadas, o aumento do IOF é mais uma camada de pressão sobre orçamentos fragilizados, agravando o risco de inadimplência e a perda do poder de compra.
Esse tipo de medida, embora tecnicamente justificado como necessário para garantir arrecadação, evidencia um problema mais profundo: a dificuldade do governo federal em conter seus próprios gastos. Em vez de promover uma reavaliação rigorosa das despesas públicas, buscar eficiência na gestão e cortar privilégios e desperdícios históricos, a escolha tem sido empurrar a fatura para a sociedade. O aumento de impostos como o IOF é um tapa-buraco que transfere a conta do desequilíbrio fiscal para os contribuintes.
É inadmissível que o Estado continue penalizando o setor produtivo e os cidadãos comuns com uma carga tributária que sufoca o crescimento, enquanto mantém intactas estruturas inchadas e gastos excessivos. A sustentabilidade fiscal deve vir de reformas estruturantes, e não do aumento contínuo da tributação. O Brasil precisa de responsabilidade com o dinheiro público e de um pacto sério com a produtividade, não de soluções fáceis que corroem a confiança na economia e penalizam quem trabalha e produz.