O Brasil continua enfrentando uma das maiores emergências climáticas desse ano, superando em extensão as últimas enchentes no Rio Grande do Sul. São todos os estados do norte, todos do centro-oeste, além do sudeste e nordeste.
Os incêndios florestais atingiram de forma direta cerca de 11,2 milhões de habitantes, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios, e os prejuízos econômicos com as queimadas ultrapassam 1 bilhão de reais.
Em termos de áreas, o fogo já atingiu 11,4 milhões de hectares ou cerca de 10,5 milhões de campos de futebol. São 538 municípios que decretaram situação de emergência por conta dos incêndios até a última segunda-feira, dia 16 de setembro.
2024 tem sido o ano com maior número de desastres climáticos no país, e as consequências vão além da economia, atingindo a vida das pessoas em suas necessidades básicas, especialmente a saúde.
As queimadas e a seca têm provocado risco elevado para as populações dos municípios onde a falta de chuvas, a seca e os incêndios vem ocorrendo. A falta de água potável e de alimentos, e as doenças respiratórias são os problemas mais imediatos.
As consequências de médio e longo prazo ainda não foram avaliadas. A imensa quantidade de fumaça e poeira que foram lançadas na atmosfera pode causar um aumento das doenças respiratórias e o retorno de doenças até então controladas.
O Ministério da Saúde, na última segunda-feira, acionou a Força Nacional do SUS que foi enviada para os estados mais atingidos pela emergência climática. E não somente isso, vem acompanhando os dados epidemiológicos e a qualidade do ar.
A Atenção Primária com 47 mil Unidades Básicas de Saúde e com mais de 52 mil equipes de Saúde da Família estão sendo preparadas para atender com qualidade à população diretamente atingida.
O Ministério da Saúde tem orientado a população a aumentar a ingestão de água potável e procurar lugares mais frescos, evitar atividades físicas em áreas abertas, evitar ficar próximo dos focos de queimadas, a manutenção de consultas para as pessoas com comorbidades, crianças, gestantes e idosos e cuidados preventivos.
A saúde mental também sido uma preocupação do Ministério da Saúde diante dos problemas enfrentados pelas populações diretamente atingidas que podem levar à depressão e outros transtornos decorrentes das consequências que enfrentam com o fogo.
O Brasil nunca tinha enfrentado uma situação igual a essa, e os órgãos públicos e a própria sociedade não se prepararam para o enfrentamento da crise climática, o que deixa mais demorada a resposta em termo de ações contra as queimadas.
O país precisa de um plano permanente de prevenção, controle e enfrentamento da crise climática, pois de agora em diante, teremos com maior frequência situações extremas decorrentes do clima.