A vacinação contra a influenza constitui uma ferramenta essencial no enfrentamento das síndromes respiratórias graves, especialmente durante os períodos de maior circulação viral. No Brasil, campanhas anuais de vacinação são realizadas com o objetivo de proteger os grupos prioritários, como idosos, crianças, gestantes e indivíduos com condições de saúde preexistentes. Entretanto, a adesão à vacina ainda enfrenta desafios significativos, o que amplifica o risco de superlotação das unidades hospitalares.
Apesar do histórico bem-sucedido de campanhas de imunização no Brasil, a cobertura vacinal contra a influenza permanece aquém do ideal em diversas regiões e faixas populacionais. Entre os principais fatores que dificultam a adesão estão a disseminação de informações incorretas, receios relacionados aos possíveis efeitos adversos e a subestimação dos riscos associados à doença. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2024, a cobertura vacinal ficou em apenas 45% da população-alvo, abaixo da meta de 90% estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A influenza é uma das principais causas de síndromes respiratórias graves, com potencial de evolução para quadros clínicos graves que demandam internação e cuidados intensivos. A baixa cobertura vacinal contribui diretamente para o aumento de hospitalizações, colocando pressão sobre o sistema de saúde. Em 2023, os hospitais brasileiros registraram um aumento de 20% nas internações relacionadas à síndrome respiratória aguda grave, comparado ao ano anterior. Ademais, a ocorrência de coinfecções com outros patógenos, como o SARS-CoV-2, pode agravar ainda mais o cenário epidemiológico e elevar a taxa de mortalidade.
Nos meses de maior propagação da influenza, os hospitais brasileiros frequentemente enfrentam superlotação, com leitos de enfermaria e unidades de terapia intensiva operando acima de sua capacidade ideal. Em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a ocupação de leitos de UTI destinados a casos de SRAG alcançou 85% durante o inverno de 2024. Essa realidade compromete a eficiência do atendimento médico, especialmente em regiões com infraestrutura de saúde limitada, e evidencia a necessidade de medidas preventivas eficazes.
Para enfrentar os desafios associados à baixa adesão vacinal, é fundamental implementar ações voltadas à disseminação de informações precisas sobre segurança e eficácia da vacina, além de garantir a acessibilidade às doses em todo o território nacional. Iniciativas como programas de vacinação em escolas, empresas e comunidades locais podem contribuir significativamente para elevar a cobertura. O engajamento de profissionais de saúde como agentes de comunicação direta é igualmente essencial para combater desinformações e mitos.
A adesão ampliada à vacina contra a influenza desempenha um papel estratégico na prevenção de síndromes respiratórias graves e na mitigação da superlotação hospitalar no Brasil. Investir em campanhas educativas robustas e políticas públicas de saúde preventiva é imprescindível para aumentar os índices de vacinação e fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde diante das epidemias sazonais. Uma abordagem coordenada e abrangente é necessária para garantir que as demandas relacionadas à saúde pública sejam adequadamente atendidas.