ARACAJU/SE, 11 de maio de 2025 , 9:53:10

AUTISMO: aumento de casos e atendimento

 

A observação de neuropediatras e dos profissionais que atendem crianças e adolescentes têm reportado o aumento de diagnósticos de portadores do Transtorno do Espectro Autista – TEA, o que confirma a pesquisa realizada e publicada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos que revelou o fato de 1 a cada 36 crianças norte-americanas com menos de 8 anos têm autismo.

Em reportagem da BBC, no ano 2000, a prevalência era de 1 em 150 – nos anos 60 do século passado nos primeiros estudos, esse número era estimado em 1 a cada 2, 5 mil.

O estudo do CDC também demonstrou que existe um percentual maior entre os meninos, cerca de 3,8 vezes em relação às meninas. Embora as estatísticas também estejam subindo entre o público feminino.

Nesse estudo pela primeira vez se observou a incidência menor em brancos quando comparada com outros grupos, como negros e hispânicos, uma reversão histórica segundo os pesquisadores.

No Reino Unido, pesquisadores da Universidade de Newcastle, estimaram em 2021 que 1 a cada 57 crianças britânicas tem autismo, número significativamente maior ao registrado em pesquisa anterior.

No Brasil ainda não existem estatísticas oficiais ou trabalhos epidemiológicos sobre a doença, o que dificulta a elaboração de políticas públicas para essas pessoas, desde o tratamento até a inclusão nos serviços de educação e de saúde, inclusive o treinamento de profissionais interdisciplinares diante da complexidade da doença que exige desde o diagnóstico o uso de medicação, terapia comportamental adequada, fonoaudiologia, terapia ocupacional, suporte escolar, tudo isso a depender do grau e de quando foi fechado o diagnóstico.

As famílias também precisam ser cuidadas e preparadas para aprenderem a lidar com seus familiares portadores de autismo, evitando que essas pessoas se tornem invisíveis e estigmatizadas, sem a dignidade enquanto pessoas humanas.

Ainda existem muitas dúvidas com relação às causas do autismo, pois a sua origem é complexa e multifacetada. Os especialistas concordam em um ponto, a genética tem influência nesse quadro.

Segundo os especialistas, não existe um único gene responsável pelo autismo, são alterações em vários trechos do DNA que podem levar ao desenvolvimento do transtorno, como salienta a neuropsicóloga Joana Portolese, coordenadora do Programa de transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Outros fatores como os ambientais durante os nove meses de gestação também podem ser responsáveis pelo surgimento do transtorno, como por exemplo, a idade dos pais acima dos 35 anos. Questões como o estresse, sobrepeso, diabetes gestacional e hipertensão durante a gravidez. Um fato já conhecido é o de que a pessoa já nasce com o transtorno, daí a necessidade do diagnóstico nos primeiros meses de vida.

Espera-se que no Brasil sejam realizados os estudos necessários para que se possa discutir a implementação de políticas públicas para atender esse crescimento de portadores do autismo.