No dia 19 de julho de 2025 a Lei Federal nº 1.649 de 19/07/1952 completa 73 anos. Referida Lei criou o Banco do Nordeste do Nordeste do Brasil S/A (BNB), com o objetivo de atuar no chamado Polígono das Secas, designação dada a perímetro do território brasileiro atingido periodicamente por prolongados períodos de estiagem. A empresa assumia então a atribuição de prestação de assistência às populações dessa área, por meio da oferta de crédito.
O surgimento do Banco do Nordeste no início da década de 1950 é uma revolução de política creditícia para o enfrentamento dos problemas da Região Nordeste, que anteriormente tinha tão somente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) atuando nos quesitos de superação do desastre natural que é a seca. E é a seca de 1951-1953 um motivador especial para que fosse proposta a criação de um Banco com atuação especial voltada para atender as demandas da Região Nordeste.
Logo após uma visita que o Ministro da Fazenda da época, Horácio Lafer, fez à Região, verificando a situação da população que estava atingida por uma estiagem prolongada e devastadora, que ideia de criar uma instituição financeira para o apoio do desenvolvimento regional surgiu e buscou-se o mais rápido possível a sua implementação. Dessa forma, surgiu o Banco do Nordeste, decorrente de uma grande dor cíclica e climática que assolava a população nordestina.
Cabe registrar que Horácio Lafer que nasceu em São Paulo em 1900, foi um advogado, filósofo, empresário, diplomata e político brasileiro, tendo sido deputado federal pelo Estado de São Paulo e Ministro da Fazenda e Ministro das Relações Exteriores, portanto, possuindo credenciais e sensibilidade para fazer a proposição de criação do Banco do Nordeste.
Horácio Lafer teria ficado bastante impressionado com o que viu, especialmente, o flagelo do povo atingido pela seca, bem como a ausência de uma articulação do sistema produtivo da Região e a falta de uma estruturante política governamental para mudar o cenário apresentado.
Cabe registrar que já existia um clamor por uma ação mais firme em prol do desenvolvimento do Nordeste, antes mesmo que Getúlio Vargas assumisse a Presidência via o voto popular e isto somou-se para a motivação da criação do Banco do Nordeste.
A proposta na época era a concepção de uma nova política para o Nordeste, na perspectiva de que o Banco do Nordeste fosse o marco inicial de uma nova era para o Nordeste, substituindo a política assistencialista vigente desde o início do Século XX.
Foi dessa forma que Horácio Lafer por meio de uma Exposição de Motivos bem fundamentada, propôs ao Presidente Vargas o instituto de um banco especial, que tivesse a capacidade de transformar e mudar aquela realidade existente na Região Nordeste.
A sede do Banco do Nordeste é e sempre foi em Fortaleza-CE, porém antes da instalação efetiva das atividades do BNB, houve uma disputa pela localização da sede do Banco do Nordeste, queriam que ela ficasse em Campina Grande na Paraíba, que na época era um importante centro econômico no interior de um estado nordestino, com um nível de centralidade geográfica que poderia interligar com os estados que na época faziam parte da composição do Polígono das Secas. Mas, após intensas negociações e disputas políticas, Fortaleza, no Ceará, foi escolhida como a sede do banco. Referida decisão final, levou em consideração diversos fatores, como a influência política do Ceará e a relevância de sua economia na época.
Na atualidade, o Banco do Nordeste atua em todos os estados do Nordeste, além do Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), como banco de desenvolvimento regional.
Cabe registrar que a configuração regional do Brasil em 1952 era diferente da que temos hoje, naquela época a divisão geográfica do Brasil era caracterizada pelas atuais cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, porém a composição era diferente. Em 1952 faziam parte do Nordeste: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O Maranhão e o Piauí, que hoje são do Nordeste, faziam parte do Norte no ano de 1952. Mas como a atuação do Banco do Nordeste era para o Polígono das Secas, que em 1952, abrangia uma área de aproximadamente 950 mil km², englobando outros estados fora do Nordeste como Minas Gerais e Piauí, referidos foram imediatamente contemplados com agências bancárias do Banco do Nordeste.
Ao longo de 73 anos, o Banco do Nordeste do Brasil S/A (BNB) teve a sua atuação ampliada: está presente em mais de 2 mil municípios, abrangendo toda a área dos nove estados da Região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), além de parte de Minas Gerais (incluindo os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o norte do Espírito Santo. Isto é tão significativo que quando da recriação da SUDENE em 2008, chegou na autarquia um pleito do Estado do Rio de Janeiro para que o Norte Fluminense também pudesse fazer parte da área de atuação da SUDENE e tivesse a participação creditícia atuante do Banco do Nordeste.
O BNB orienta-se pela missão de agir como o banco de desenvolvimento do Nordeste, com o propósito de ser reconhecido por sua capacidade de promover o bem-estar das famílias e a competitividade das empresas da Região.
Que a trajetória de Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil S.A., atualmente tendo como Presidente o pernambucano Paulo Câmara (Ex Governador de Pernambuco) siga firme em prol da sociedade de seu raio de atuação.