Viver não é fácil. Nunca foi fácil, especialmente nos dias atuais. Ligo a TV, leio os jornais, -sim, continuo leitor voraz dos matutinos; vejo portais e blog de notícias, e quase todas são trágicas. Pelo que leio o fim do mundo está próximo.
Fogo consumindo nossos biomas, especialmente o Cerrado e a Amazônia. Quase sem acreditar, cenas deprimentes mostram rios da Amazônia secando. A Amazônia, o maior bioma brasileiro, com 4.196.943 Km2, 2,5 mil espécies de e 30 mil plantas, os rios estão com lâminas d’água de 40 cm, quando em tempos normais seriam de 6 m. Coisa inimaginável até pouco tempo atrás, a população ribeirinha em Rondônia e do Amazonas estão recebendo água potável, mesmo estando em frente aos rios que lhes server de sustento.
O cerrado, apontado como a savana mais rica do mundo, engloba 5% da biodiversidade do planeta, é o segundo bioma da América do Sul, está em chamas. Vê cenas de destruição, com animais carbonizados é terrível; tenho a impressão de que o Brasil está se desmilinguido.
As queimadas irresponsáveis, muitas vezes criminosas, mudaram a paisagem do interior de São Paulo, e já causaram prejuízos que ultrapassam 2,5 bilhões de reais, afetando pequenos e médios produtores agrícolas; e as consequências estão chegando até nós através da elevação dos preços de verduras e frutas.
No Maranhão o fogo consome parte da vegetação nativa, especialmente os juçarais, fonte de sustento para as famílias no sul do estado. Só este ano, segundo o INPE, foram registrados 2269 focos de incêndio, entre janeiro e junho, um aumento de 58% em relação ao mesmo período do ano passado.
No Brasil central não é diferente, o fogo arde em Brasília e chegou a dois quilômetros da residência oficial da presidência da república.
No governo anterior tudo era culpa do ocupante do Palácio do Planalto, e agora? A culpa é de quem? Segundo dados do INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Brasil nunca fez o dever de casa. Tudo no Brasil é na base do improviso. Muita falação e pouca ação.
Ironia do destino, até um terreno do INPE, em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo pegou fogo. “Boa parte da vegetação deu lugar à cor escura, característica dos problemas causados pelas queimadas. O fogo se alastrou pelo terreno da unidade, mas não chegou a atingir os prédios do órgão federal”, li em uma matéria.
Por causa das queimadas, a água da chuva no Rio Grande do Sul está preta. O fenômeno ocorre quando nuvens de chuva encontram fuligem das queimadas. Os poluentes dos incêndios florestais no Brasil e em países vizinhos, como a Bolívia, provocam alteração na cor da água. O que é prejudicial à saúde e a lavoura.
Como se não bastasse todo esse prenúncio de apocalipse, escrevo este texto no dia seguinte ao debate da TV Cultura, onde candidatos à prefeitura de São Paulo, a maior e mais rica capital brasileira, se digladiaram.
O que era para ser um debate de ideias e propostas, na tentativa de se encaminhar soluções os problemas da maior cidade da América Latina, o que se viu foi uma troca de acusações e ofensas que culminou em um desfecho lamentável, de pugilismo. Um candidato de saco cheio de tantas provocações, partiu para cima de seu opositor e deu-lhe uma cadeirada. Pronto, o circo de horrores estava completo. Ninguém ali debateu: mobilidade, educação, segurança, creches, diminuição da carga tributária, criação de empregos, problemas que afetam diretamente os paulistanos.&n bsp;
Mas, como tudo no Brasil acaba em piada, os memes eram para saber se a cadeira estava passando bem após o imbróglio, enquanto o candidato provocador, que tomou a cadeirada foi parar no hospital Sírio Libanês, atingindo seu objetivo, criando mais um factoide, tumultuado ainda mais as eleições para a prefeitura paulista.
Definitivamente ninguém neste país está preocupado em resolver os reais problemas que se avolumam. Se Deus era brasileiro como dizem, ele cansou de tanta patifaria e escafedeu-se, deixando-nos ao deus-dará. Agora, é salve-se quem puder.
Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e globetrotter, o cidadão mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências, ATHEART, Academia Atheniense de Letras e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI.