Nos últimos meses, o Brasil testemunhou uma verdadeira corrida às farmácias com a chegada das primeiras canetas emagrecedoras de fabricação nacional. Comercializadas sob os nomes Olire e Lirux, ambas produzidas pela farmacêutica EMS, esses medicamentos prometem auxiliar no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Com preços a partir de R$ 307, as canetas representam uma alternativa mais acessível aos produtos importados como Ozempic, Wegovy e Mounjaro.
O princípio ativo das canetas nacionais é a liraglutida, uma molécula que imita o hormônio GLP-1, responsável por promover saciedade e retardar o esvaziamento gástrico. A aplicação é diária e deve ser feita por via subcutânea. De acordo com a fabricante o Olire é indicado para obesidade, enquanto o Lirux é voltado ao controle do diabetes tipo 2.
Apesar dos benefícios, especialistas alertam que o uso deve ser sempre acompanhado por um médico. A endocrinologista Camila Mele reforça que o tratamento precisa estar aliado a uma alimentação equilibrada e à prática de atividades físicas para alcançar resultados eficazes.
A EMS planeja produzir 250 mil unidades das canetas até o fim de 2025, o que evidencia a crescente demanda por esse tipo de tratamento. O Brasil já lidera o ranking mundial de vendas de canetas emagrecedoras, segundo a Academia Nacional de Medicina, que lançou um alerta sobre o uso indiscriminado desses medicamentos.
A popularização das canetas emagrecedoras também trouxe preocupações. A Anvisa passou a exigir retenção de receita para a compra de medicamentos análogos ao GLP-1, como forma de conter o uso sem prescrição médica. Estudos apontam que 32% dos efeitos adversos relatados estão ligados ao uso fora das indicações previstas em bula, como o uso estético para perda de poucos quilos.
Além disso, há relatos de medicamentos falsificados sendo produzidos em laboratórios clandestinos, como versões piratas do Mounjaro, que colocam em risco a saúde dos usuários. Esses produtos não passam por controle sanitário e podem conter substâncias tóxicas ou dosagens incorretas.
O mercado ilegal de canetas emagrecedoras cresce impulsionado pela busca por soluções rápidas e pela influência de redes sociais. Médicos e entidades como a Academia Nacional de Medicina alertam para o perigo de profissionais que prescrevem esses medicamentos sem critérios técnicos, muitas vezes visando popularidade online.
As canetas emagrecedoras representam um avanço no tratamento da obesidade e do diabetes, mas seu uso exige responsabilidade. A prescrição médica, o acompanhamento profissional e a adoção de hábitos saudáveis são fundamentais para garantir a eficácia e a segurança do tratamento. O combate ao uso indiscriminado e à fabricação clandestina é urgente, e cabe às autoridades, profissionais de saúde e à população agir com consciência diante dessa nova realidade.