Abordarei neste breve ensaio, uma nova realidade da medicina no Brasil, a partir de dados coletados no Conselho Federal de Medicina (CFM). Registro que os dados atualizados da demografia médica no Brasil revelam que o país possui 598.573 médicos, resultando em uma média de 2,81 médicos para cada 1.000 habitantes. Do total de médicos do país 46% são generalistas e 54% são especialistas.
A curva evolucional do número de médicos no Brasil é superior à curva evolutiva da população Brasileira. Em 1990, o Brasil tinha 131.278 médicos; chegou no ano 2000 a 205.296 médicos; fechou a década em 2010 com 292.794 médicos; na década seguinte em 2020, alcançou 457.428 médicos até os dados atuais já citados de 598.573 médicos.
Diante da evolução quantitativa de médicos descrita acima, o Brasil foi melhorando na sua densidade de médicos por 1.000 habitantes, em 1990, tinha 0,91 médico por 1.000 habitantes; em 1993, Brasil alcançou a densidade de 1,0 médico por 1.000 habitantes; já no ano 2000, a densidade saltou para 1,20 médico por 1.000 habitantes; em 2010, a densidade evoluiu para 1,60 médico por 1.000 habitantes; em 2020 foi para 2,29 médicos por 1.000 habitantes até chegarmos a média atual de 2023 de 2,81 médicos para cada 1.000 habitantes.
Considerando-se os médicos com até 80 anos, 50,09% são homens e 49,91% são mulheres. Vê-se que é uma profissão bem distribuída em termos de gênero, mas no passado o percentual de médicos homens era bem superior ao de mulheres e isto pode ser comprovado pela entrada de novos médicos dos 1990 até os dias atuais, conformes os dados a seguir: Em 1990 foram inseridos 7.221 médicos no Brasil, sendo 4.036 médicos (55,9%) e 3.185 médicas (44,1%); em 2000, foram inseridos 8.250 médicos no Brasil, 4.643 médicos (56,3%) e 3.697 médicas (43,7%); em 2010, foram inseridos 12.088 médicos no Brasil, dos quais 5.855 médicos (48,4%) e 6.233 médicas (51,6%) – verifica-se que nesta década já temos uma virada na força de inserção dos médicos no Brasil, onde as mulheres passaram a serem maioria, destaco que esta virada de fato ocorreu no ano anterior (2009), quando entraram 6.078 médicos (49,35) e 6.252 médicas (50,7%); em 2020, foram inseridos 24.700 médicos no Brasil, sendo 10.277 médicos (41,6%) e 14.423 médicas (58,4%); no ano passado (2023), foram inseridos 35.397 médicos no Brasil, dos quais 14.120 médicos (39,9%) e 21.277 médicas (60,1%).
Esta evolução apresentada aponta que ainda neste ano de 2024, possivelmente quando os novos médicos formados no 1º semestre de 2024, entrarem no mercado de trabalho, já teremos mais mulheres que homens atuando como médicos em nosso país. Mudando em definitivo a demografia da atuação da medicina no Brasil, que sempre foi predominantemente masculina e agora passa a ter maioria feminina, o que pode ter implicações econômicas e sociais de forma positiva para a evolução da medicina e da saúde no Brasil.
A idade média dos médicos brasileiros é de 44,66 anos e possuem um tempo médio de formado de 18,82 anos.
Destacamos que 96% dos médicos atuantes se formaram no Brasil e 4% no exterior. Ressalte-se também que a maioria dos médicos formados no Brasil obteve a formação em instituições de ensino superior da rede privada, 53% e 47% se formaram na rede pública. Em um passado recente, a maioria dos médicos se formavam na rede pública. Destaco que existem médicos que possuem mais de uma inscrição em Conselhos Regionais de Medicina por atuarem em vários territórios.
A distribuição geográfica dos médicos no Brasil, apresentada pelo Conselho Federal de Medicina, aponta que os cinco estados com maiores quantidades de médicos no Brasil são: São Paulo (166.415); Minas Gerais (71.13); Rio de Janeiro (69.745); Rio Grande do Sul (37.368) e Paraná (37.114). Juntos estes cinco estados concentram 64% dos médicos que atuam no Brasil, revelando forte concentração regional no Sudeste e Sul do no nosso país deste importante profissional para uma vida mais longeva e saudável. Do outro lado da tabela, os cinco estados com menores quantidades de médicos são: Amapá (1.133); Roraima (1.225); Acre (1.542); Tocantins (4.265) e Rondônia (4.449). Verifica-se que as menores quantidades de médicos por estado no Brasil ficam na Região Norte, onde poucos médicos buscam migrar para atuar em prol de muitas pessoas carentes de tais profissionais.
Do ponto de vista de densidade de médicos (médicos por 1.000 habitantes), as cinco melhores são: Distrito Federal (6,3 médicos); Rio de Janeiro (4,3 médicos); São Paulo (3,7 médicos); Espírito Santo (3,6 médicos) e Minas Gerais (3,5 médicos). E as menores densidades são: Maranhão (1,3 médico); Pará (1,4 médico); Amapá (1,5 médico); Amazonas (1,6 médico) e Roraima (1,8 médico). Por Região, as melhores densidades de médicos são as seguintes: Centro-Oeste – Distrito Federal (6,2 médicos); Sudeste – Rio de Janeiro (4,3 médicos); Sul – Rio Grande do Sul (3,4 médicos); Norte – Rondônia (2,8 médicos) e Nordeste – Sergipe (2,6 médicos). Algo curioso é que a densidade de médicos no Brasil possui correlação positiva com a renda per capita dos estados.
Para melhor entendimento da evolução da Medicina no Brasil, no próximo artigo abordarei a situação das escolas médicas e sua trajetória evolutiva, para entendermos o futuro da saúde de nosso país que tem no profissional da medicina um elo importante com outras profissões de saúde, a exemplo de Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Odontologia, entre outras.