Nos últimos anos, a saúde pública mundial e brasileira tem enfrentado desafios cada vez mais complexos, que demandam atenção urgente de governos, organizações internacionais e da sociedade civil. De crises sanitárias globais, como a pandemia de COVID-19, às questões persistentes envolvendo doenças crônicas e desigualdades socioeconômicas, os sistemas de saúde encontram-se no limite de sua capacidade. Dados recentes que ilustram a gravidade do cenário demonstram as principais preocupações atuais.
Embora o mundo tenha avançado significativamente no combate ao coronavírus, a COVID-19 continua sendo uma preocupação importante para a saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até maio de 2025, mais de 770 milhões de casos foram registrados globalmente, com quase 7 milhões de mortes. No Brasil, o Ministério da Saúde reportou mais de 37 milhões de casos confirmados e cerca de 700 mil óbitos desde o início da pandemia.
Os impactos a longo prazo da COVID-19 são igualmente alarmantes. A chamada “COVID longa” afeta milhões de pessoas, causando sintomas persistentes como fadiga, dificuldades respiratórias e problemas cognitivos, que comprometem a qualidade de vida e sobrecarregam os sistemas de saúde. Além disso, a pandemia expôs desigualdades profundas no acesso à vacinação e aos cuidados médicos, tanto globalmente quanto no Brasil, onde comunidades vulneráveis em áreas remotas continuam lutando para receber assistência.
Paralelamente à pandemia, as doenças não transmissíveis (DNTs) seguem como uma grande ameaça à saúde pública. Mundialmente, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas são responsáveis por cerca de 74% das mortes anuais, de acordo com a OMS. No Brasil, dados do IBGE indicam que aproximadamente 40% das mortes anuais estão associadas às DNTs.
Fatores como o sedentarismo, a má alimentação, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo continuam a ser os maiores contribuidores para essa epidemia silenciosa. É preocupante que essas condições afetem desproporcionalmente as populações mais pobres, que enfrentam barreiras para acessar tratamentos médicos e adotar hábitos saudáveis. Políticas públicas que promovam a prevenção, como campanhas educacionais e maior regulação de alimentos ultraprocessados, são urgentemente necessárias.
Outro ponto de atenção crescente é a saúde mental. O impacto da pandemia, aliado a fatores como crises econômicas, isolamento social e o uso excessivo de tecnologias, resultou em um aumento notável nos casos de depressão e ansiedade. Segundo a OMS, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem de algum transtorno mental, e o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
No Brasil, uma pesquisa da Fiocruz revelou que 40% da população adulta relatou sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia. Além disso, o país enfrenta um déficit significativo de profissionais de saúde mental no sistema público, o que dificulta o atendimento das demandas crescentes.
A desigualdade no acesso aos serviços de saúde é talvez o maior desafio de todos, tanto no Brasil quanto no contexto global. Países de baixa e média renda enfrentam dificuldades extremas para fornecer cuidados básicos à população, enquanto nações ricas discutem avanços tecnológicos como a medicina personalizada.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma referência mundial por sua universalidade, mas ainda enfrenta problemas crônicos de financiamento e distribuição desigual de recursos. Regiões como o Norte e o Nordeste sofrem com a escassez de médicos, hospitais e medicamentos, perpetuando um ciclo de desigualdade que afeta milhões de brasileiros.
Enfrentar esses desafios requer colaboração multissetorial, investimento em pesquisa e inovação, e o fortalecimento de políticas públicas inclusivas. Governos precisam priorizar a saúde como um direito fundamental, aumentando os orçamentos destinados ao setor e promovendo parcerias com organizações internacionais e privadas.
No Brasil, o fortalecimento do SUS é essencial para reduzir as disparidades regionais e garantir atendimento de qualidade para todos os cidadãos. Iniciativas como o Mais Médicos e a expansão de programas de saúde da família devem ser retomadas e ampliadas.
Já no cenário global, é crucial promover o acesso equitativo a vacinas, medicamentos e tecnologias de saúde, além de combater as raízes estruturais das desigualdades. Apenas com uma abordagem integrada e solidária será possível construir um futuro mais saudável e justo para todos.
A saúde pública atravessa um momento crítico, mas também repleto de oportunidades para transformação. A escolha entre a estagnação e o progresso está nas mãos de líderes e cidadãos de todo o mundo.