ARACAJU/SE, 12 de outubro de 2025 , 15:49:31

Desigualdades Sociais em Aracaju

Foi divulgado um Boletim de “Desigualdade nas Metrópoles”, trata-se de uma publicação trimestral, fruto de uma colaboração entre três instituições: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), INCT Observatório das Metrópoles e Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, a publicação traz indicadores sobre desigualdade de rendimento para 22 regiões metropolitanas do país.

Dessa forma, irei descrever e comentar os resultados apresentados para o município de Aracaju-SE.

O Coeficiente de Gini mede o grau de distribuição de rendimentos entre os indivíduos de uma população, variando de zero a um. O valor zero representa a situação de completa igualdade, em que todos teriam a mesma renda, e o valor um representa uma situação de completa desigualdade, em que uma só pessoa deteria toda a renda. Dessa forma, é possível comparar a desigualdade de renda entre dois momentos ou locais a partir desse coeficiente.

O Coeficiente de Gini de Aracaju saiu de 0,606 em 2021 para 0,532 em 2024, isto significa redução de desigualdade da renda em Aracaju. Cabe registrar que o estudo aponta que o Coeficiente de Gini para as Regiões Metropolitanas do país, entre os anos de 2021 (ano pandêmico) e 2024 (último ano com dados completos), a maioria das Regiões Metropolitanas apresentou redução na desigualdade de renda. O Coeficiente de Gini da Renda em Aracaju para o ano de 2024 é o mesmo de Maceió.

Média dos rendimentos – verificou-se aumento da média de rendimentos no período de 2021 para 2024, as Regiões Metropolitanas com os menores rendimentos médios, em ordem crescente, foram Manaus (R$ 1.426,00), Fortaleza (R$ 1.497,00) e São Luís (R$ 1.500,00). Já as Regiões Metropolitanas com maiores rendimentos médios, em ordem crescente, foram Curitiba (R$ 3.078,00), Brasília (R$ 3.276,00) e Florianópolis (R$ 3.528,00).

O rendimento médio de Aracaju saltou de R$ 1.569,00 em 2021 para R$ 1.908,00 em 2024, um crescimento de 21,6%. O rendimento médio de Aracaju é maior que os das seguintes capitais do Nordeste: Fortaleza (R$ 1.497,00); São Luis (R$ 1.500,00); Maceió (R$ 1.695,00); Teresina (R$ 1.762,00), Salvador (R$ 1.768,00) e Recife (R$ 1.844,00).

Média de rendimento por estrato de renda (40% mais pobres) – Em Aracaju, a média de rendimento do extrato onde estão os 40% mais pobres, saltou de R$ 325,00 em 2021 para R$ 529,00 em 2024. Ou seja, uma evolução de 62,8%, com isso a proporção da média de rendimentos dos mais pobres de Sergipe em relação à renda média evoluiu e 20,7% em 2021 para 27,7%, reduzindo em 7 pontos percentuais a distância dos mais pobres para a renda média da população.

Comparando-se com as metrópoles do Nordeste o rendimento médio dos mais pobres de Aracaju em 2024, é o 3º maior entre as capitais do Nordeste, sendo superior ao rendimento médio dos mais pobres de Fortaleza (R$ 422,00), São Luís (R$ 427,00), Recife (R$ 474,00), Maceió (R$ 482,00), Salvador (R$ 504,00) e João Pessoa (R$ 519,00).

Diferença entre mais ricos para mais pobres – A evolução da razão de rendimento entre o estrato mais rico (10% do topo da distribuição) e o estrato mais pobre (40% da base da distribuição), para o conjunto das Regiões Metropolitanas.  De acordo com o estudo, a razão de rendimento é outro indicador de desigualdade de renda, pois permite analisar quantas vezes mais ganham, em média, o estrato dos 10% de maior rendimento em relação ao estrato dos 40% de menor rendimento. No Brasil, essa razão apresentou comportamento de queda entre 2012 e 2014, demonstrando, portanto, redução da desigualdade de renda.  No entanto, voltou a subir no período de 2015 a 2019. Devido aos efeitos da política emergencial de transferência de renda no momento da Pandemia da Covid19, a razão de rendimento caiu em 2020, mas voltou a subir em 2021, atingindo seu patamar mais elevado em toda a série histórica.  A partir desse período, apesar de pequenas oscilações, seu comportamento foi de queda até 2024, quando registrou seu menor nível em 15,5, demonstrando que as pessoas do topo da distribuição de renda ganhavam, em média, 15,5 vezes mais do que as pessoas da base dessa distribuição. Em Aracaju, ocorreu uma redução de 24,2 vezes em 2021 para 15,1 vezes em 2024, também demonstrando o mesmo fenômeno que ocorre no Brasil que é a redução da distância entre mais ricos e mais pobres.

Pobreza e extrema pobreza – o estudo aponta que além da desigualdade de renda, é importante também considerar a pobreza absoluta e sua evolução no período. Diferente dos indicadores de desigualdade, que tratam da forma como a renda é distribuída, a pobreza diz respeito à quantidade de indivíduos que recebem rendimentos abaixo de um valor mínimo (linha de pobreza).

Pobreza – em Aracaju a proporção de pessoas na pobreza caiu de 47,7% da população em 2021 para 28,7% em 2025, esta é uma evolução muito relevante. Se compararmos com as demais capitais do Nordeste, na base de 2024 fica com a 3ª melhor posição em termos de percentuais de pessoas na pobreza, destacando que quanto menor o percentual, melhor para o município. Possuem um percentual menor que Aracaju, João Pessoa (28,5%) e Natal (25,4%).

Extrema Pobreza – em Aracaju a proporção de pessoas na extrema pobreza caiu de 10,2% da população em 2021 para 4,5% em 2025. Se compararmos com as demais capitais do Nordeste, na base de 2024 fica com a 3ª melhor posição em termos de percentuais de pessoas na extrema pobreza, destacando que quanto menor o percentual, melhor para o município. Possuem um percentual menor que Aracaju, João Pessoa (4,0%) e Teresina (2,2%).

Pelo que foi apresentado verifica-se que Aracaju vem evoluindo na redução das desigualdades.