Como já era esperado por quem tem bom senso, a eleição presidencial na Venezuela está dando o que falar. Não é para menos. Esperava-se que o resultado proclamado não seria diferente, em um país cujo governo controla todas as instituições, como se faz em qualquer ditadura de direita ou de esquerda. Aliás, as ditaduras, quaisquer que sejam elas, são iguais. Rigorosamente iguais, no que tange ao controle exacerbado de tudo o que lhes interessa.
Maduro, tão truculento como todos os ditadores de ontem e de hoje, não quer deixar o poder. Simples assim. Todo ditador é igual, embora uns massacram mais e outros massacram menos, mas todos massacram os seus opositores e, por consequência, o povo. Os fascistas e os antifascistas, como ditadores, são iguais. Uma laia imprestável. Eles só prestam mesmo nas cabeças de seus apoiadores internos ou externos.
As pesquisas não direcionadas pelo governo venezuelano davam conta de uma vitória esmagadora da oposição. Pelo que se divulgou até agora, a votação no exterior deu uma vitória avassaladora ao candidato oposicionista Urrutia.
Quando a situação é “arranjada”, não há cristão que dê jeito. No poder desde 2013, Maduro teria sido reeleito para mais um mandato de 6 anos. De acordo com o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), com 80% das urnas apuradas, Maduro obteve 51,2% dos votos (5.150.092), contra 44,2% (4.445.978) do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita). Puxa vida! Ainda faltavam 20 % das urnas e a vitória foi dada a Maduro. Ainda faltavam cerca de 2 milhões de votos a ser apurados. E com que rapidez o CNE proferiu o resultado favorável ao ditador venezuelano: seis horas após o encerramento da eleição, contando voto a voto. Nem com as urnas eletrônicas do Brasil seria tão rápida a divulgação do resultado.
Não resta dúvida de que pode, sim, haver algo errado nessa eleição. Alguns países, como a Rússia (onde há um tzar governando) e a China (ditadura comunista, que massacra todo potencial oposicionista) reconheceram a “vitória” de Maduro. Outros, como os Estados Unidos, Argentina, Panamá, Costa Rica demonstram preocupação com o resultado, provavelmente obtido mediante fraude. A União Europeia segue o mesmo tom.
A OEA – Organização dos Estados Americanos fará uma reunião extraordinária para avaliar a situação. E o Brasil acha-se numa posição crucial. O PT – Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula, reconheceu, em nota, a vitória de Maduro. Já o presidente Lula tenta esconder o sol com uma peneira. Diz que não vê nada de grave na eleição venezuelana e que aguarda a publicação das atas eleitorais, que, a essa altura, podem estar sendo fraudadas para apresentação, sabe-se lá quando. Lembro que este artigo foi enviado ao Correio de Sergipe na quinta-feira, 1º de agosto.
Mesmo que Lula seja aliado de Maduro, ele deve entender que a sua própria eleição, em 2022, deu-se por conta do grito de liberdade e por democracia, como ele tanto defendeu contra as posições dúbias, negativistas e ditatoriais do seu opositor. Apoiando uma possível fraude eleitoral e um ditador descarado, Lula dá um tiro no pé. Os fanatismos políticos de esquerda ou de direita não conhecem o mínimo de ética. Aguardemos os desdobramentos dessa eleição considerada por muitos como espúria.
Por outro lado, na abertura das Olímpiadas em Paris, um fato chocou a comunidade católica: uma encenação com drag queens, supostamente parodiando o quadro da Santa Ceia, de Leonardo da Vinci. Furor dos católicos. Os muçulmanos sunitas solidarizaram-se com os católicos, provavelmente lembrando o episódio da revista satírica francesa Charlie Hebdo, que satirizou o profeta Maomé, resultando em alguns assassinatos perpetrados por fanáticos islâmicos. Infelizmente.
Em nome da Igreja Católica, a Conferência Episcopal da França descreveu como “escárnio e zombaria do Cristianismo” a paródia do quadro em que se viu drag queens assumindo como que o papel de Jesus Cristo e de seus apóstolos.
O comité responsável pela organização das Olimpíadas na capital francesa disse que o objetivo da brincadeira com um dos episódios mais marcantes da religião cristã era alertar para “o absurdo da violência entre seres humanos”. No entanto, vários cristãos não tiveram a mesma interpretação e criticaram a organização do evento.
Na tentativa de baixar o fogo, além das desculpas, os organizadores franceses da Cerimônia de Abertura dos Jogos, após a polêmica e acusação de blasfêmia e escárnio ao cristianismo, explicaram que para eles a referência não era absolutamente essa, mas sim um festival pagão inspirado no deus Dionísio. Nesse sentido, apelaram para a pintura retratando um festival pagão, cujo quadro é atribuído ao pintor bolonhês Pelagio Palagi (ou ao milanês Carlo Bellosio), criada no século XIX e que se chama “O Banquete dos Deuses”, apresentando uma iconografia semelhante à da Última Ceia, mas que na verdade se trata de um rito pagão. A pintura mostra como a representação à mesa é muito semelhante, incluindo a figura central. Não se sabe. Podem ser apenas desculpas.
A arte deve ter liberdade de expressão, mas a ética também deve permear a arte. A violência contra quaisquer segmentos sociais e as discriminações devem ser combatidas. Todavia, se a intenção foi fazer escárnio com o cristianismo, é válido e oportuno o mais veemente repúdio.