ARACAJU/SE, 5 de janeiro de 2025 , 6:45:54

logoajn1

Eterna Julieta

 

Julieta morreu, agora de verdade. A do filme, aliás, famoso, dirigido por Franco Zefferelli, foi morte de mentira, quando ela só tinha quinze anos. O óbito, o real, verificou-se no dia 27 de dezembro último, nos Estados Unidos da América. Clareando o horizonte, não foi Julieta que saiu desse mundo para outro. Foi Olivia Hussey, a atriz que iniciou a carreira no papel de Julieta, participando de outros filmes, um, salvo engano, que faz o papel de Rebeca, filha de rico mercador judeu. Estou me valendo da memória. Posso estar enganado. Contudo, o filme maior de sua vida, ao meu modesto pensar, foi Romeu e Julieta. Início da década de setenta. Entrei em fila longa, no Cine Palace, cidade do Aracaju, para assisti-lo, numa noite de sábado. Depois, na tv, vi outros filmes e revi Romeu e Julieta diversas vezes. Só que antes da morte dos dois, eu desligo o aparelho. Não quero ver o jovem casal morto. Cena triste não é mais comigo, independentemente de não encontrar outra solução, a não ser alterar a peça de Shakespeare, o que não é possível.

Tentaram uma vez, em artigo n´O Pasquim, ano que se perde nas ruínas do tempo, no qual Romeu e Julieta, depois de algum tempo de convivência diária, estão em pleno conflito, em alta discussão, quando o frade, que forneceu a droga para funcionar como se um deles estivesse morto, vai visita-los. A ira dos dois amantes de Verona se volta contra o religioso, considerado por ambos como o responsável pela união que teria fracassado. Não me recordo do autor do artigo.

O que me inspira é o rosto de Olivia Hussey na tragédia shakespeariana. Não o que vem depois.  Eu acho que foi o rosto mais angelical que vi no cinema nesses anos todos de centenas de filmes assistidos. Se, na primeira vez, a beleza dela me chamou a atenção, cinquenta e seis anos depois, a impressão não foi alterada. Um fato, contudo, me surpreendeu, ao ler a notícia da sua morte. Olivia Hussey não é inglesa, como pensava. Nasceu em Buenos Aires, abril/1951, passando a morar em Londres aos sete anos de idade. Não levou Julieta com seu óbito, que, assim, permanece viva, eterna como a tragédia de Shakespeare. Olivia Hussey é que fechou os olhos para a vida, encerrando a carreira de atriz, com a áurea de ter sido a Julieta mais linda em meio a todas as Julietas dos tantos filmes focando a mesma peça anteriormente realizados. Ainda bem.