Em continuidade às divulgações do Censo Demográfico 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE apresentou os resultados referentes às Favelas e Comunidades Urbanas extraídos do Questionário Básico, que engloba o universo da pesquisa, trazendo a público, na presente abordagem, algumas características da população residente e dos domicílios situados nesses territórios. Assim, repassarei neste artigo, os dados e informações que coletei da pesquisa e que revelam a situação de Sergipe.
O Estado de Sergipe apresentava, em 2022, 185 Favelas e Comunidades Urbanas, ocupando a 15ª posição entre as Unidades da Federação com o maior número desses recortes territoriais no Brasil, representando 1,5% do total. Na Região Nordeste, apenas o Estado do Piauí tem menos favelas e comunidades urbanas que Sergipe, são 173 na referida unidade federativa.
Em Sergipe 95,1% das favelas e comunidades urbanas estão na concentração urbana da capital e 4,9% fora de referida concentração. Sendo um dos estados com maior concentração de referidas formas de convivência na concentração urbana da capital, superior a Sergipe somente, o Piauí (99,4%) e Roraima e Distrito Federal com 100%. Isto revela que temos poucas favelas em Sergipe fora da concentração urbana de Aracaju. Evidentemente esta situação influencia as ações públicas a serem desenvolvidas pelos municípios que formam a concentração urbana da capital de Sergipe.
De acordo com os resultados do Censo Demográfico 2022, a população residente em Favelas e Comunidades Urbanas no Brasil era de 16.390.815 habitantes, correspondendo a 8,1% do total da população no Território Nacional.
Em Sergipe a população residente em Favelas e Comunidades Urbanas em 2022 era de 160.943 habitantes, equivalente a 7,3% da população, portanto com um percentual inferior à média do Brasil e do Nordeste (8,5%). Na Região Nordeste, os seguintes Estados possuem percentual inferior a Sergipe neste quesito: Piauí (6,1%), Alagoas (5,7%), Rio Grande do Norte e Paraíba ambos com (5,3%). Pernambuco tem o maior percentual do Nordeste com 12,0%.
Explicitando a situação da grande Aracaju, o que envolve os municípios da Região Metropolitana, o IBGE considerou uma população de 1.019.011 habitantes, sendo 158.460 moradores de Favelas e Comunidades Urbanas, ou seja, um percentual de 15,6% no que é denominado de grande concentração urbana de Aracaju, que envolve os municípios de Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, Barra dos Coqueiros e Laranjeiras.
O índice de envelhecimento mostra a relação entre idosos de 60 anos ou mais de idade e um grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos. Quanto maior o valor do índice, mais envelhecida é a população. No Brasil, o índice de envelhecimento identificado no Censo Demográfico 2022 para a população total foi 80,0, indicando que, naquele ano, havia 80,0 idosos (60 anos ou mais) para cada 100 crianças (0 a 14 anos).
Em Sergipe neste quesito a situação é a seguinte: índice de envelhecimento do Estado 62,7, já nas favelas e comunidades urbanas o índice em Sergipe é de 34,3, inferior que a média do Nordeste (51,3) e do Brasil (45,0). A mediana de idade dos sergipanos é de 33 anos, já dos moradores das favelas e comunidades de Sergipe é de 29 anos. Revelando que a população de referidas comunidades em geral são as mais jovens do estado.
Outro indicador importante para traçar as características demográficas de determinada população é a razão de sexo, que representa a razão do número de pessoas do sexo masculino sobre o número de pessoas do sexo feminino, multiplicada por 100. A razão de sexo igual a 100 indica o mesmo número de pessoas dos dois sexos. Caso a razão de sexo seja menor que 100, a população analisada possui mais pessoas do sexo feminino que masculino e, caso seja maior que 100, trata-se de uma população com mais pessoas do sexo masculino. Em Sergipe, a razão de sexo é de 91,8; já nas favelas e comunidades urbanas o índice é de 93,2. Isto revela que a população de Sergipe tem mais mulheres que homens, porém esta distância diminui entre os residentes de favelas e comunidades urbanas.
Em Sergipe com relação à cor da pessoas que residem em favelas e comunidades urbanas a situação é a seguinte: 11,0% dos indígenas, 10,5% das pessoas de cor preta, 7,9% das pessoas de cor amarela, 7,2% das pessoas de cor parda e 5,8% das pessoas de cor branca moram em favelas e comunidades urbanas. Mesmo sendo o grupo que tem de sua população, o maior percentual, residindo em favelas e comunidades urbanas, os indígenas de Sergipe, representam apenas 0,3% das pessoas que residem em favelas e comunidades urbanas.
O Censo Demográfico 2022 identificou em Sergipe 69.001 domicílios em Favelas e Comunidades Urbanas, dentre os quais 55.879 eram domicílios particulares permanentes ocupados, representando 81,0% do total. Os domicílios particulares permanentes de uso ocasional representavam 3,1% e os domicílios particulares permanentes vagos, 15,7%.
O número médio de moradores em domicílios particulares permanentes em Favelas e Comunidades Urbanas, em Sergipe foi de aproximadamente 2,8 pessoas.
A tipologia dos domicílios particulares permanentes ocupados em Favelas e Comunidades Urbanas em Sergipe, por tipos de domicílio é a seguinte: casa (94,2%); casa de vila (4,9%); apartamento (0,6%); cortiço (0,2%); estrutura degradada ou inacabada (0,04%).
Em Sergipe, o percentual de domicílios particulares permanentes ocupados em Favelas e Comunidades Urbanas por existência de ligação à rede geral de distribuição de água é de 96,7% pela principal forma de abastecimento.
Não esgotei neste artigo todas as informações das favelas e comunidades urbanas em Sergipe, mas entendo que conhecer referido panorama em cada município é fundamental para busca da melhoria das condições de vida das populações inseridas em referidos territórios.