ARACAJU/SE, 29 de junho de 2025 , 3:32:33

Israel x Irã

Por volta do ano 586 a.C., após o cerco começado no ano anterior, Nabucodonosor, rei da Babilônia (no atual Iraque) derrotou o reino de Judá, destruindo a cidade de Jerusalém. Muitos judeus foram levados para o cativeiro babilônico. Vide o Livro de Jeremias e os Livros dos Reis na Bíblia.

O cativeiro durou cerca de quarenta anos, até que Ciro, rei da Pérsia (atual Irã) derrotou a Babilônia e libertou os judeus, que voltaram à sua terra, para reconstruir Jerusalém. Ciro, o Grande, conquistou a Babilônia em 539 a.C. Essa conquista marcou o fim do Império Neobabilônico e o início do domínio persa na região, que abrangia a Mesopotâmia, Síria e Palestina.

Como se sabe, o reino de Israel foi dividido em dois reinos, após a morte de Salomão (cerca de 930 a.C.): reino de Israel, ao Norte, com capital na cidade de Samaria, e reino de Judá, ao Sul, com capital em Jerusalém. Bem antes de a Babilônia derrotar o reino de Judá, a Assíria conquistou o reino de Israel, entre 722 e 720 a.C.

Mais tarde, os judeus sofreram o jugo dos reis selêucidas, uma dinastia que governou Israel após a conquista por Alexandre, o Grande, e a divisão do império com a sua morte. Coube ao rei Antíoco IV Epifânio impor uma política de helenização forçada, que levou à Revolta dos Macabeus.

Depois foi a vez dos romanos dominarem Israel, até que, no ano 70, sob o imperador Vespasiano, o seu filho Tito, que seria também imperador, comandando um forte exército, destruiu Jerusalém e realizou a chamada Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus. Arrancados de sua terra, os judeus vagaram por vários países até que a ONU resolveu criar o Estado de Israel, em 1948, com a expulsão ou sujeição de povos de língua árabe, dentre eles os palestinos, do território do novo Estado. O Estado de Israel surgiu a partir de décadas de lobby e de campanhas imigratórias promovidas pelos defensores do sionismo.

Com a instalação do Estado de Israel, que, diga-se de passagem, não foi pacífica, as animosidades entre judeus e muçulmanos nunca deixaram de existir. Afirma-se, inclusive, que alguns grupos desafetos dos israelenses tendem a almejar a destruição total do novo Estado. Na verdade, Israel vive eternamente sob a possibilidade de ataques.

Nenhuma ocorrência que possa envolver os israelenses e os povos que os circundam, de religião islâmica, deve ser considerada sem uma análise mais ampla: religiosa, cultural, geopolítica, econômica etc.

Após as terríveis consequências da mortandade que o grupo Hamas perpetrou em Israel, em maio de 2023, com o assassinato de mais de mil pessoas, num ato brutal e sem precedentes, a resposta de Israel, como sempre se dá, vem sendo absurda com dezenas de milhares de vítimas, dentre elas militantes do Hamas, mas, também, civis, incluindo mulheres e crianças. Alguns chegam a falar em genocídio. No mínimo, a reação israelense é absolutamente desproporcional. Terrível.

Acantonado no Líbano, outro grupo rival de Israel, o Hezbollah, vem recebendo forte reprimenda. Para culminar com tantas escaramuças, Israel atacou o Irã, especialmente para destruir, ou causar sérios danos, às instalações nucleares do país, que, a exemplo, do próprio Israel, não é signatário do tratado de não proliferação de armas nucleares. E também para desmantelar a cúpula militar do Irã e o grupo de cientistas que operam o sistema nuclear.

Nessa guerra, e noutras, como a da Rússia contra a Ucrânia, uma situação deve ser levada em conta: de um lado, não há mais segurança entre os países, rompendo-se normas internacionais; de outro lado, o Ocidente teme que um país como o Irã, que apoia grupos terroristas, venha a possuir bombas atômicas.

Um gravame nessa guerra não oficialmente declarada entre Israel e Irã foi a participação dos Estados Unidos da América, bombardeando posições nucelares iranianas. O mundo treme e teme por algo muito mais grave. Oxalá, os homens que fazem guerras pensem, um dia, na paz. O que as pessoas em todo o mundo querem, certamente, é viver com dignidade.

No último dia 24, a OTAN pediu aos seus membros um aumento correspondente a 5% (cinco por cento) do PIB de cada país para aquisição de armas, temendo um ataque da Rússia contra o Ocidente. Ao que parece, apenas a Espanha não concordou com o percentual, propondo 2,1%. Os gastos anuais com armas no mundo chegaram a 1 trilhão e 400 bilhões de dólares. Assim, o mundo jamais terá paz.