Dom Josafá Menezes da Silva
Arcebispo Metropolitano de Aracaju
Pe. JOSÉ LIMA SANTANA
Pároco na Paróquia Santa Dulce dos Pobres
No último dia 1º, Dom Josafá Menezes da Silva, Arcebispo Metropolitano de Aracaju, reuniu um grupo de padres e leigos para traçar o cronograma de atividades do Jubileu do próximo ano.
Ocorre que a Igreja celebrará em 2025 mais um Jubileu Ordinário. O Papa Francisco escolheu o tema “Peregrinos da Esperança” e indicou que a preparação para esse momento leve em conta a oração e o estudo dos documentos do Concílio Vaticano II. No ano de 2024 as dioceses foram convidadas a promover a centralidade da oração individual e comunitária, propondo peregrinações e percursos ou escolas de oração que envolvam todo o povo de Deus. É o caminho para o Jubileu.
O Concílio Vaticano II apresenta uma rica compreensão da sua identidade e missão na Constituição Dogmática, sobre a Igreja “Luz dos povos” (Lumen Gentium), antes de tratar da hierarquia (cap. Ill) e dos leigos (cap. IV), fala do povo de Deus (cap. II). É a Igreja na sua totalidade, naquilo que é comum a todos os membros, como era no princípio do Cristianismo. Viver Jesus, como Ele viveu conosco.
Uma das grandes mudanças do Vaticano II, que marca a atualização da sua identidade, está no campo da Liturgia, como lembra Dom Josafá. Quem tem mais anos lembra como era a liturgia antes do Concílio, particularmente a celebração eucarística. Na Liturgia, o Concílio não fez apenas uma simples “renovação”, mas uma verdadeira “reforma”. Reforma necessária para situar a Igreja no tempo presente, sem perder a essência da liturgia.
Na encíclica Ecclesiam suam, o Papa Paulo VI fala da “reforma” do Vaticano
II e não apenas de “renovação” (ES 22-24). Com a mesma linguagem, a Constituição
Sacrossanctum Concilium, intitula o primeiro capítulo – “Os princípios gerais da reforma e o incremento da Liturgia”. Neste particular, o Vaticano II não mudou apenas a estética do rito, a forma, os paramentos, mas a teologia da liturgia, ou seja, o enfoque do conteúdo, que vai desde a centralidade da Palavra e do mistério pascal em toda e qualquer celebração litúrgica, até à assembleia inteira como sujeito da Liturgia.
Na Igreja, houve certos desleixos, talvez até por falta de uma atualização adequada da teologia da liturgia, tanto de ministros como da assembleia celebrante. Entretanto, fato mais preocupante no contexto da involução eclesial instaurada nas últimas décadas, é a volta em certos segmentos da Igreja, do espírito e da estética da liturgia tridentina, que o Vaticano II havia superado. É o retorno a um passado que já não teria cabimento, salvo da parte de quem não compreendeu o espírito do Concílio Vaticano II e de quem não quer compreender os novos tempos. Muitos também não compreenderam os novos tempos que Jesus veio anunciar, naquele tempo. A necessidade do ser humano novo, como Ele anunciou. Daí o Novo Testamento a dar continuidade ao Velho Testamento, sem que fosse preciso haver uma ruptura. Não pode haver ruptura na história da salvação, de Gênesis a Apocalipse.
Para o Vaticano II, dado que pelo batismo o povo de Deus, como um todo, é um
povo profético, sacerdotal e régio (LG 32-36), na liturgia, o ministro-presidente preside
uma assembleia toda ela celebrante (SC 14). Consequentemente, o protagonista da
celebração litúrgica não é o presidente, mas a assembleia: “deseja ardentemente a Mãe
Igreja, que todos os fiéis sejam levados àquela plena, consciente e ativa participação das
celebrações litúrgicas” (SC 14). Como não compreender isso?
A Arquidiocese de Aracaju, em plena comunhão com o Jubileu da Esperança, realizará neste período um rico percurso de recuperação da sua história e identidade religiosa, eclesial, cultural e social, considerando sobretudo os resultados da recepção das disposições do Concílio Vaticano II, das Conferencias Episcopais Latino-americanas e das orientações e Diretrizes da CNBB na construção da identidade desta Igreja local.
Na nossa querida Arquidiocese, a abertura do Jubileu Ordinário de 2025 ocorrerá no dia 29 de dezembro próximo, com atividades paroquiais pela manhã, e programação arquidiocesana a partir das 15 horas, com concentração na Matriz da Paróquia São Pio X e caminhada até a Catedral Metropolitana, onde às 17:30 horas dar-se-á a Celebração Eucarística.
Para cada um dos seis Vicariatos, em que se divide a Arquidiocese, se estabelecerá uma igreja que servirá de concessão das indulgências ao longo do Ano Santo, a saber: no Vicariato São João, o Santuário Nossa Senhora Divina Pastora, em Divina Pastora; no Vicariato São Lucas, a Matriz de Santo Antônio e Almas, em Itabaiana; no Vicariato São Marcos, o Santuário Nossa Senhora da Vitória, em São Cristóvão; no Vicariato São Mateus, a Matriz de Santa Dulce dos Pobres, no Bairro Aruana; no Vicariato São Paulo, o Santuário Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Bugio; no Vicariato São Pedro, a Catedral Metropolitana, no Centro.
Celebrar o Jubileu Ordinário do Ano Santo de 2025 é viver no Pai, através do Filho e na conformação do Espírito Santo.