Hoje não poderia deixar de usar esse espaço a não ser para prestar uma homenagem a esta mulher que mesmo antes de ser eleita como a primeira senadora pelo Estado de Sergipe, já tinha uma preocupação com a saúde da mulher. Trata-se da senadora Maria do Carmo Nascimento Alves, viúva do Governador João Alves Filho, que nos deixou no último dia 31 de agosto de 2024.
Dona Maria, como era chamada pela população mais carente do estado, tinha a consciência de que a mulher desde os tempos mais remotos sempre foram vítimas do esquecimento pelos homens no poder e destinado a elas jornadas cumulativas como filha, mãe, esposa, trabalhadora e, em muitas casas, a única pessoa responsável pela manutenção da família.
Maria, advogada de formação, empresária por competência, entendia como ninguém o papel da mulher nordestina e pobre, sem estudos e sem perspectivas.
Maria cuidou de tantas Marias espalhadas pelo sertão, agreste e litoral, com uma ação implementada a seu pedido e com sua participação no desenho de um Centro de Atenção à Saúde da Mulher, política pública que ajudou a prevenir o câncer de útero e de mama em milhares de sergipanas, e mesmo de mulheres que vinham dos estados vizinhos, como Bahia e Alagoas, das cidades fronteiriças.
Maria que incentivou a capacitação de mulheres para o trabalho através da formação profissional em um processo de empoderamento das mulheres através de ações transversais com outras políticas públicas desenvolvidas pelo estado de Sergipe.
Maria ao ser eleita senadora por Sergipe, pioneira na conquista desse espaço político importante, foi reeleita mais duas vezes, somando um período de 24 anos de mandato como senadora, contribuindo de forma assertiva para a criação e defesa de políticas públicas voltadas para Sergipe e o nordeste, mas com foco sempre na perspectiva da mulher. Militante discreta da questão de gênero, mas de fala forte e franca ao defender cada vez mais a participação das mulheres na vida pública.
Conheci dona Maria e João Alves há mais de quarenta anos, desde que exerci a atividade como jornalista em jornais e na Televisão em Sergipe, cristalizando uma amizade que nunca se misturou com a política. Aprendi a admirar dona Maria como pessoa capaz e objetiva, que não tinha papas na língua, e tinha uma sinceridade incomum aos políticos em geral. Penso mesmo que isso era devido a experiência empresarial onde a ética nos negócios exige acima de tudo transparência e compromisso.
A política pública da saúde em Sergipe direcionada às mulheres teve início com esta mulher, cujo nome representas todas as outras, Maria.