ARACAJU/SE, 2 de dezembro de 2024 , 6:05:20

logoajn1

Microcefalia, morte e Oropouche

A OMS – Organização Mundial da Saúde disparou um alerta para a América em razão da confirmação de casos de microcefalia decorrente da febre Oropouche, causada pelo vírus Oropouche (OROV), que pertence ao grupo dos Orthobunyavirus.  A doença é transmitida principalmente pelo mosquito maruim e pode causar sintomas como febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, além de erupções cutâneas.

Pesquisas recentes pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Ministério da Saúde, encontraram evidências de que a febre Oropouche pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gestação, um processo conhecido como transmissão vertical.

Foram identificados anticorpos contra o vírus Oropouche em quatro bebês nascidos com microcefalia. Além disso, material genético do vírus foi encontrado em um feto natimorto com 30 semanas de gestação.

O Ministério da Saúde do Brasil emitiu uma nota técnica recomendando que estados e municípios redobrem a vigilância sobre a possibilidade de transmissão vertical da febre Oropouche.

As gestantes devem buscar medidas preventivas para evitar picadas de mosquitos, como o uso de repelentes, roupas de mangas longas e a eliminação de criadouros de mosquitos.

Na região amazônica das Américas, incluindo países como Brasil, Peru, Suriname e Trinidad, a febre Oropouche é endêmica. No Brasil, os estados mais afetados são Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Pará. Recentemente, a doença tem se espalhado para outras regiões, com casos registrados na Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Piauí, Santa Catarina, Amapá, Maranhão e Paraná.

As florestas e os manguezais do norte já estavam no mapa da endemia, e a região nordeste agora passa também a entrar no mapa em razão dos problemas ambientais como a invasão dos mangues e do crescimento desordenado e sem a infraestrutura sanitária.

As vítimas, infelizmente, serão os mais pobres que vivem em condições precárias nas cidades e no campo, em áreas sujas, sem urbanização, sem esgotamento sanitário. Não se enganem de que as classes mais ricas também poderão ser vítimas porque os mosquitos não têm preferência de conta bancária, status social, cor da pele ou sexo.

Vítimas também serão os fetos e os bebês, vítimas inocentes e incapazes de se defenderem. Por essas razões, as gestantes e os adultos de um modo geral devem lutar por medidas administrativas que reduzam os criadouros de mosquitos; por política públicas ambientais e urbanísticas, e por campanhas intensas para alertar a população dessa nova ameaça: a febre Oropouche.