ARACAJU/SE, 16 de julho de 2025 , 16:39:29

Migrações em Sergipe

Abordarei neste breve ensaio, uma análise da questão migratória em Sergipe, conforme trabalho divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o IBGE, os dados da migração, constitui um insumo fundamental para a formulação de projeções populacionais, subsidiando não só análises demográficas de longo prazo, mas também os planejamentos territorial e socioeconômico. Pois estas migrações afetam as demandas de serviços públicos nos municípios e influenciam a cultura local.

A análise indica que 29,0 milhões de pessoas residiam em Unidades da Federação distintas de seus locais de nascimento, evidenciando a magnitude das migrações interestaduais que marcaram o Brasil ao longo do tempo. Em Sergipe o número de residentes que não nasceram no Estado foi de 263.695 pessoas; já o número de sergipanos morando em outros estados é maior, sendo 387.900 pessoas, o que resulta em um saldo negativo de 124.205 pessoas.

As pessoas que moram em Sergipe e que são originárias de outros estados, tem as seguintes principais origens: Bahia 35,3%, Alagoas 26,2% e São Paulo 14,1%, juntos estes três estados respondem por 75,6%. Verifica-se que os nossos vizinhos Bahia e Alagoas são os que mais se inserem no estado para viver, o que confirma uma teoria migratória de busca de oportunidades de melhor qualidade de vida em locais mais próximos.

Já os sergipanos que moram em outros estados, buscaram como principais destinos as seguintes unidades federativas: São Paulo 42,9%, Bahia 20,3% e Rio de Janeiro 8,3%. Juntos representam 71,5% dos sergipanos que moram em outros estados brasileiros. Verifica-se que o estado da Bahia, o nosso vizinho de leste e sul, tanto encaminha baianos, como também, recebe os sergipanos, revelando uma forte interação entre os dois estados.

Com relação aos imigrantes e emigrantes totais entre 31 de julho de 2017 e 01 de agosto de 2022, saldo migratório, população residente em 01 de agosto de 2022 e taxa líquida de migração, a situação de Sergipe foi a seguinte: imigrantes (52.329 pessoas), emigrantes (58.365 pessoas), resultando em um saldo migratório negativo de 6.036 pessoas, para uma população residente de 2. 210.004 pessoas, representando, portanto, um saldo migratório de -0,27%.

Com relação à origem dos imigrantes de Sergipe no período de 31 de julho de 2017 que residiam em outra Unidade da Federação, e que estavam residindo em Sergipe em 01 de agosto de 2022, as principais origens foram: Bahia 35,6%, São Paulo 26,2% e Alagoas 9,9%, juntos respondem por 71,7% das pessoas que chegaram em Sergipe nestes últimos anos.

As principais Unidades da Federação de residência em 01 de agosto de 2022 dos imigrantes que em 31 de julho de 2017 residiam em outra Unidade da Federação, em Sergipe em 31 de julho de 2017 foram as seguintes: São Paulo 21,5%, Bahia 21,4% e Santa Catarina 13,2%.

Do ponto de vista Regional, a população de Sergipe tem as seguintes origens de nascimento: 88,2% no Nordeste; 9,2% no Sudeste, 1,3% no Sul, 0,9% no Centro-Oeste e 0,4% no Norte.

Entre as teorias migratórias, destaco a Teoria Neoclássica que foi inspirada em em Adam Smith. Referida teoria analisa a migração como um processo de busca por equilíbrio econômico entre regiões com diferentes níveis de oferta e demanda de trabalho. A versão macroeconômica foca na busca por equilíbrio entre capital e trabalho, enquanto a versão microeconômica considera a decisão individual de migrar como um cálculo racional de custos e benefícios.

Neste quesito, o Estado de Sergipe tem recebido muitas pessoas de outros estados como apresentado, mas atraindo mais fortemente a vizinha Bahia que faz fronteira de sul a oeste com o Estado. Registre-se que em alguns municípios baianos que ficam na fronteira com Sergipe, as pessoas se relacionam mais com a capital de Sergipe, Aracaju que a capital da Bahia, Salvador. Para exemplificar, podemos citar os municípios baianos de: Adustina, Paripiranga, Coronel João Sá, Pedro Alexandre, Santa Brígida e Paulo Afonso.  Todos eles também possuem intenso relacionamento com outros municípios sergipanos, além da capital. Este fator influencia e facilita os processos migratórios.

Na fronteira norte de Sergipe, temos os seguintes municípios alagoanos: Piranhas, Delmiro Gouveia, Água Branca, Canapi, Inhapi, Ouro Branco, Pariconha e Porto Real do Colégio. Além desses, Olho d’Água do Casado também pode ser considerado, especialmente em relação ao Rio São Francisco, que serve como divisa natural entre os estados. Penedo, embora não faça fronteira seca com Sergipe, está localizado às margens do Rio São Francisco, que separa os dois estados, e é um importante ponto de passagem e referência na região.

A migração pode impulsionar o crescimento econômico ao trazer novos trabalhadores e consumidores, mas também pode gerar desafios como o aumento da demanda por serviços públicos e infraestrutura.

Mas um ponto é importante, o saber acolher e aceitar o migrante que chega e isto é uma realidade da cultura sergipana, a comprovação está no aspecto político, pois, muitas pessoas que em Sergipe aportaram receberam votos dos sergipanos para a representação popular.

O IBGE alerta que a migração é amplamente reconhecida como um fenômeno demográfico fortemente seletivo por idade, manifestando padrões distintos de mobilidade entre os diversos grupos etários.  Assim, as diferenças significativas nas taxas de deslocamento populacional indicam que a migração tende a se concentrar nas faixas etárias mais jovens, refletindo fatores como busca por inserção no mercado de trabalho, por melhores oportunidades econômicas e mudanças na estrutura familiar