ARACAJU/SE, 21 de junho de 2025 , 1:03:34

O Brasil como celeiro do Mundo

Há duas décadas passadas quando defendi o meu doutoramento na geografia, eu já abordava a agricultura brasileira, enquanto um dos maiores exportadores mundiais de commodities e profundamente afetada pela geopolítica global. Na tese eu pontuei que a dinâmica dos mercados, as relações comerciais internacionais e a instabilidade política poderiam gerar oportunidades e desafios inovadores para o setor. Também apontei que as alianças e acordos comerciais poderiam abrir novos mercados e aumentar a demanda por produtos brasileiros, enquanto disputas comerciais e barreiras poderiam prejudicar as exportações.  Também destaquei o potencial produtivo da agricultura brasileira.

Recentemente, o IBGE divulgou o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, demonstrando que a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 332,6 milhões de toneladas em 2025. Segundo a autarquia, trata-se de um valor 13,6% ou 39,9 milhões de toneladas maior do que a safra obtida em 2024 (292,7 milhões de toneladas). Demonstrando efetivamente que o Brasil é uma das Nações que podem ser consideradas celeiros do mundo.

Na divulgação, o IBGE aponta que a área a ser colhida este ano deve ser de 81,2 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 2,7% (2,1 milhões de hectares a mais) em relação à área colhida em 2024.

Os técnicos do IBGE sinalizam que “a estimativa de maio para a safra 2025 é recorde da série histórica do IBGE, assim como as produções de algodão (em caroço) e soja. O aumento das áreas de plantio e o clima benéfico na maior parte das unidades da federação produtoras são os responsáveis pelo sucesso da safra brasileira de grãos neste ano.”

Conforme o IBGE, os principais destaques positivos da safra 2025 em maio são as estimativas da produção de soja (165,2 milhões de toneladas) e algodão (9,3 milhões de toneladas). O arroz, o milho e a soja representam 92,7% da estimativa da produção e são responsáveis por 87,9% da área colhida. Na comparação com 2024, houve aumentos na produção estimada do algodão herbáceo em caroço (4,5%), do arroz (15,9%), do feijão (4,6%), da soja (13,9%), do milho (14,1%, sendo 12,8% para o milho 1ª safra e 14,4% para o milho 2ª safra), do sorgo (9,0%) e do trigo (6,6%).

Os números acima de forma consolidada são a confirmação de que o Brasil tem um forte potencial de continuar avançando na sua produtividade da terra, melhorando a renda e a riqueza rural do nosso país.

O aumento da produção tem aumento e eficiência e aumento de área, pois segundo o IBGE, comparando-se o que teremos em 2025 com os dados de 2024, no que se refere à área a ser colhida, ocorreu crescimento de 4,7% na do algodão herbáceo (em caroço), 11,3% na do arroz em casca, 3,3% na da soja, 3,2% na do milho (declínio de 3,6% no milho 1ª safra e crescimento de 5,1% no milho 2ª safra), e de 5,7% na do sorgo.

De acordo com o IBGE, a estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de maio mostrou variação anual positiva para todas as regiões do país: Centro-Oeste (17,5%), Sul (7,6%), Sudeste (14,7%), Nordeste (8,7%) e Norte (14,5%).

De acordo com técnicos do IBGE, “em 2025, a produção de milho está bastante próxima da safra recorde de 2023, sendo possível ultrapassá-la, mas isso vai depender da continuidade das boas condições climáticas, uma vez que a 2ª safra está em campo e, portanto, ainda pode ser beneficiada”.

A distribuição geográfica produtiva agrícola do Brasil, possui características peculiares de acordo com vocações e fertilidade e possibilidade de uso da terra. Dados recentes do IBGE destacam que o Mato Grosso é o maior produtor agrícola do Brasil, com 31,5% de participação, liderando a produção nacional de grãos. Na sequência temos, Paraná (13,5%), Goiás (11,6%), Rio Grande do Sul (9,7%), Mato Grosso do Sul (7,6%) e Minas Gerais (5,5%), que, somados, representaram 79,4% da produção total. Em relação às participações das regiões brasileiras, o panorama é o seguinte: Centro-Oeste (51,1%), Sul (25,3%), Sudeste (8,9%), Nordeste (8,4%) e Norte (6,3%).

As principais variações positivas nas estimativas da produção, em relação ao mês anterior, ocorreram no Mato Grosso (3 603 336 t), no Mato Grosso do Sul (481 610 t), no Tocantins (374 520 t), em Minas Gerais (285 573 t), em Goiás (256 403 t), em Rondônia (228 061 t), em Roraima (38 775 t), no Distrito Federal (38 094 t), em Sergipe (32 127 t), no Rio de Janeiro (179 t) e em Santa Catarina (13 t).

O cenário apresentado, exige uma logística eficiente para o adequado escoamento de tal produção. Mas temos uma notícia boa, a nossa capacidade de armazenagem agrícola cresceu 2,1% e chegou a 227,1 milhões de toneladas no 2º semestre de 2024, conforme divulgado pelo IBGE.

A divulgação do IBGE foi de que a pesquisa de estoques referente ao 2º semestre de 2024 mostrou que a capacidade útil disponível no Brasil para armazenamento era de 227,1 milhões de toneladas, 2,1% acima do registrado no semestre anterior. Além disso, a quantidade de estabelecimentos ativos chegou a 9.511, um aumento de 0,9% na comparação com o primeiro semestre do mesmo ano.

Destacamos o Rio Grande do Sul que tem o maior número de estabelecimentos de armazenagem (2.448), e o Mato Grosso tem a maior capacidade: 61,4 milhões de toneladas, algo natural para quem é o maior produtor nacional. Adicionalmente e de forma positiva temos que neste segundo semestre de 2024, as regiões Norte (7,5%), Nordeste (3,6%) e Centro-Oeste (1,2%) tiveram aumento no número de estabelecimentos. A Região Sul não alterou o número de estabelecimentos, enquanto o Sudeste teve uma queda de 0,4%.

Pelo apresentado reforço que o Brasil é o celeiro do mundo, só falta termos preços mais acessíveis para aqueles que tanto precisam de alimentos.