ARACAJU/SE, 1 de maio de 2025 , 23:48:27

O ESG e o futuro da Amazônia

 

O assunto ESG vem ganhando cada vez mais espaço num cenário onde empresas buscam sinergia entre sustentabilidade e negócios. Neste mesmo horizonte, tem-se discutido o futuro da Amazônia com foco no ESG.

Bom, mas o que é ESG (Environmental, Social and Governance)? O termo foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial “Who Cares Wins” (quem se importa, ganha) dois anos depois, a ONU lançou seus Princípios para o Investimento Responsável, uma estrutura para incorporar questões ESG ao investimento com o apoio de 63 signatários, supervisionando US$ 6,5 trilhões em ativos, e cresceu para mais de 3 mil signatários, com mais de 100 trilhões de dólares em ativos até 2020 (2004).

O apoio multinacional aos objetivos ESG deu um grande passo em 2015, quando os 193 países da Assembleia Geral da ONU adotaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), direcionando o mundo para um futuro mais sustentável e igualitário. Segundo a Comissão de Negócios e Desenvolvimento Sustentável da ONU, alcançar os ODS pode criar oportunidades no valor estimado de US$ 12 trilhões até 2030.

Para a ONU: “Não adianta nada uma empresa gerar uma montanha de dinheiro para os acionistas se ela fizer isso explorando os funcionários, causando devastação ambiental ou sonegando impostos”.

Assim, deixamos de avaliar as empresas somente pelo âmbito econômico (lucratividade) e passamos a observar também a sua capacidade de colocar em prática ações sustentáveis e de promover o bem-estar das pessoas (ESG). Ademais, esta medição está diretamente vinculada ao valor e aos investimentos direcionados às companhias.

Mercadologicamente, as empresas estão mais do que engajadas neste desafio, uma vez que a perenidade de seus negócios estará ameaçada se as previsões mais pessimistas acerca da perda da biodiversidade, da intensificação das mudanças climáticas, bem como dos desastres naturais, se concretizarem.

Por conseguinte, o desafio também se estende ao compromisso de atender aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS’s) a partir de acordo firmado frente à Agenda 2030 e os 5Ps da sustentabilidade: Pessoas (ODS 1, 2, 3, 4, 5 e 10), Planeta (ODS 6, 7, 12, 13, 14 e 15), Prosperidade (ODS 8, 9 e 11), Paz (ODS 16) e Parceria (ODS 17).

E onde a Amazônia e sua biodiversidade se inserem neste novo contexto? O mundo desenvolvido já entendeu que a preservação da floresta Amazônica em pé contribui para alcançar a meta de redução da temperatura na terra e pode ser balizadora da compensação das emissões de empresas e países. Portanto, preservar a rica biodiversidade amazônica representa atender aos acordos firmados nas conferências internacionais (Acordo de Paris, por exemplo).

Sobre a Amazônia, suas singularidades são inúmeras: temos a maior biodiversidade ambiental do mundo, é lar de aproximadamente 20 milhões de brasileiros sendo 6 milhões que trabalham e sobrevivem da extração sustentáveis de alimentos e de matéria-prima oriunda da floresta, abriga 1/3 das florestas do mundo e tem capacidade de armazenar o equivalente a 450 bilhões de toneladas de CO₂.

A Amazônia é o novo pré-sal? De acordo com o Instituto Liberal, a floresta em pé rende ao Brasil algo em torno de US$ 1,83 trilhão por ano, mas temos um grande desafio que são os elevados e crescentes números do desmatamento.

Enfim, frear o desmatamento ilegal é imprescindível para que o Brasil possa cumprir os acordos climáticos acordados e para que possamos a oportunidade de criar uma “nova economia da floresta”.

* Profa. Dra. Michele Lins Aracaty