Engana-se quem pensa que temos uma única Amazônia. A partir de sua heterogeneidade, diferentes padrões de ocupação humana e uso da terra, o Imazon (2022) dividiu o espaço em “cinco zonas amazônicas”, sendo: Amazônia florestal, Amazônia florestal sob pressão, Amazônia desmatada, Amazônia não florestal e Amazônia urbana. Uma vez que cada macrozona apresenta potencialidades e desafios distintos.
Para o Imazon (2022), torna-se imprescindível reconhecer as diferentes “amazônias” para podermos identificar qual plano de desenvolvimento e conservação é mais adequado para cada zona.
Quando falamos em “economia da floresta em pé” a proposta é substituir o modelo atual com práticas exploratórias e fazer uma transição para um mais produtivo que concilie lucro com a preservação ambiental com foco nas pessoas.
Para tanto, a Economia da Floresta em Pé tem o propósito de conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação dos ecossistemas florestais usando recursos naturais de forma sustentável, garantindo a preservação da biodiversidade, a regulação climática e a manutenção dos serviços ecossistêmicos.
Um dos mais relevantes desafios desta proposta é agregar valor aos produtos extrativistas ao mesmo tempo, em que se busca mecanismos capazes de melhorar o fluxo das cadeias produtivas para gerar emprego e renda verdes do início ao fim do processo.
Ademais, a nova economia precisa ir além da produção sustentável e incluir infraestrutura, empregos verdes, crescimento de baixo carbono, reduzir o desmatamento, regularizar a propriedade das terras, além de superar o gargalo da renda média regional a partir de ações a curto, médio e longo prazo.
A Economia da Floresta em Pé deverá estar pautada em iniciativas baseadas em: pagamentos por serviços ambientais, comercialização de carbono, empreendimentos socioambientais, bionegócios, bioeconomia e atividades agroflorestais com foco no desmatamento zero.
O Brasil, através da biodiversidade amazônica, tem uma oportunidade única de transformar as vantagens comparativas em vantagens competitivas: liderança nos novos segmentos bioeconômicos, competitividade no uso e transformação dos recursos da biomassa e inserção em mercados internacionais.
Por fim, a Economia da Floresta em pé é de fundamental importância para a construção de um futuro de prosperidade, equilíbrio a partir da biodiversidade, cuidando das pessoas e do planeta. Para tanto, é fundamental que as iniciativas ganhem escala, extensão, recursos e condição de política pública.
Profa. Dra. Michele Lins Aracaty