O Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgou que entre 2024 e 2025 serão diagnosticados no Brasil mais de 700 mil casos, em pesquisa que levou em consideração 21 tipos de tumores com maior incidência. Daí, além da preocupação com a prevenção através da mudança de hábitos e de acompanhamento preventivo daqueles que tenham histórico familiar e que possuam condições clínicas de risco.
O problema, além da saúde dos pacientes, atinge também gastos cada vez maiores para a saúde pública e para os planos de saúde, que podem chegar a mais de R$ 30 bilhões até 2030.
Em 2025, espera-se que os avanços no tratamento do câncer continuem a revolucionar a medicina, com foco em terapias personalizadas, tecnologias inovadoras e abordagens multidisciplinares. Aqui estão algumas das principais tendências e progressos previstos:
- Imunoterapia Aprimorada
CAR-T Cell de Nova Geração: Terapias CAR-T mais seguras e eficazes, com menor toxicidade e aplicáveis a mais tipos de câncer (como tumores sólidos). Engenharia genética avançada permitirá células “pré-fabricadas” (off-the-shelf), reduzindo custos e tempo de produção.
Inibidores de Checkpoint e Terapias Combinadas: Novos alvos imunológicos (ex.: LAG-3, TIM-3) e combinações com quimioterapia ou radiação para superar resistências.
- Edição Genética e Terapia Gênica
CRISPR e Base Editing: Uso de técnicas de edição genética para corrigir mutações ou reforçar a resposta imune. Ensaios clínicos avançados para cânceres hereditários e hematológicos.
Terapias de RNA: Vacinas de mRNA personalizadas (como as da BioNTech/Pfizer) para estimular o sistema imunológico contra antígenos tumorais específicos.
- Diagnóstico Precoce e Monitoramento
Biópsia Líquida: Detecção precoce de cânceres por meio de DNA tumoral circulante (ctDNA) e fragmentos de células tumorais no sangue, com maior precisão e custo acessível.
Testes de Detecção Multi-Câncer (MCED): Exames de sangue capazes de identificar até 50 tipos de câncer simultaneamente (ex.: Galleri), integrados a programas de rastreamento populacional.
- Inteligência Artificial (IA) e Big Data
Diagnóstico por Imagem com IA: Algoritmos para identificar tumores em estágios iniciais em mamografias, tomografias e ressonâncias.
Otimização de Tratamentos: Plataformas de IA que analisam dados genômicos e clínicos para recomendar terapias personalizadas e prever resistência a medicamentos.
- Nanotecnologia e Entrega Direcionada
Nanopartículas Inteligentes: Sistemas de liberação de fármacos que entregam quimioterápicos diretamente ao tumor, minimizando efeitos colaterais.
Terapia Fototérmica/Teragnóstica: Nanopartículas que combinam diagnóstico por imagem e destruição térmica de células cancerosas.
- Epigenética e Terapias Moduladoras
Inibidores Epigenéticos: Medicamentos que revertem alterações epigenéticas (ex.: metilação do DNA) para restaurar a função de genes supressores de tumores.
Combinações com Imunoterapia: Uso de moduladores epigenéticos para aumentar a eficácia de imunoterápicos.
- Radioterapia de Precisão
Prótons e Íons Pesados: Expansão de centros de terapia com partículas carregadas, mais precisas e menos danosas a tecidos saudáveis.
Radiação Adaptativa: Técnicas que ajustam doses em tempo real com base em mudanças tumorais durante o tratamento.
- Microbioma e Terapias Microbianas
Modulação do Microbioma: Probióticos e transplantes fecais para melhorar a resposta à imunoterapia (ex.: anti-PD-1) em pacientes com microbiota desfavorável.
- Terapias Combinadas Personalizadas
Protocolos Multimodais: Combinação de imunoterapia, terapia-alvo e radiação, baseada no perfil molecular do tumor.
Resistência a Medicamentos: Novos inibidores para bloquear mecanismos de escape celular (ex.: mutações em EGFR ou KRAS).
- Acesso Global e Equidade
Medicamentos de Baixo Custo: Parcerias para produção de genéricos de imunoterápicos e terapias-alvo em países em desenvolvimento.
Telemedicina e Educação: Plataformas digitais para capacitar profissionais em regiões remotas e democratizar o acesso a protocolos inovadores.
Em meio a tudo isso, é preciso destacar a existência de desafios persistentes, a exemplo de: Custo Elevado: Terapias avançadas como CAR-T e protonterapia ainda são caras, limitando acesso; Resistência Tumoral: A adaptação das células cancerosas a tratamentos exige pesquisa contínua.
Em resumo, 2025 deve consolidar a era da medicina de precisão, com tratamentos mais eficazes, menos invasivos e maior ênfase na prevenção e diagnóstico precoce. A colaboração entre indústria, academia e governos será crucial para traduzir inovações em benefícios reais para os pacientes.