ARACAJU/SE, 18 de outubro de 2024 , 2:21:57

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Outubro Rosa: a saúde da mulher

O mês de outubro, conhecido como OUTUBRO ROSA, é dedicado a campanhas de conscientização da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. E também é necessário lembrar que desde 2022 a Lei Federal nº 14.335 amplia a prevenção, detecção e tratamento de cânceres de colo do útero, mama e colorretal. Mulheres a partir da puberdade têm direito a exames como mamografia, citopatologia e colonoscopia pelo Sistema Único de Saúde.

No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia mais comum entre as mulheres, com uma incidência para o triênio 2023-2025 de cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama, com uma taxa ajustada de 41,89 casos por 100.000 mulheres.

O diagnóstico precoce é crucial, pois eleva as chances de cura para até 95%. A mamografia é o principal método de rastreamento e tem se mostrado eficaz na redução da mortalidade. A conscientização para que as mulheres possam fazer com regularidade os exames preventivos é o grande desafio, diante das desigualdades regionais para o acesso à saúde.

Um país com desigualdades regionais gritantes, como por exemplo, alguns estados do Norte, o tempo médio para confirmação do diagnóstico pode ultrapassar 90 dias. A desigualdade racial é outro fator, as mulheres negras que compõem a maior parte da população feminina no Brasil têm menos acesso a exames de rastreamento e tratamento, com apenas 24% delas realizando mamografia.

A realidade da distribuição dos Centros de Saúde da Mulher também revela a desigualdade regional, sendo a região Sudeste que possui a maior quantidade de centros devido a maior população e infraestrutura de saúde, o Nordeste possui uma quantidade significativa de centros, mas concentrados nas capitais  e tem problemas com a infraestrutura, o Sul tem boa quantidade de centros, embora menor que o Sudeste; O Centro-Oeste tem menor quantidade de centros comparado às regiões mais populosas, e o Norte, sofre com a menor quantidade, com desigualdade significativa no acesso aos serviços de saúde.

Não é diferente quando se observa a distribuição de mamógrafos no país, mais uma vez demonstrando as desigualdades regionais, a exemplo dos seguintes números; o Sudeste possui cerca de 47% dos mamógrafos, o Nordeste conta com menos da metade, ou, 22,2%, o Sul tem 15,7%, o Centro-Oeste possui 8,5% e o Norte tem apenas 6% dos mamógrafos.

O território continental brasileiro é um problema para que as mulheres acessem em seus municípios os serviços de diagnóstico, segundo dados do Ministério da Saúde, em agosto de 2023, o Brasil contava com 6.588 mamógrafos, dos quais 6.334 estavam em uso. Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.217 (21,8%) possuem ao menos um equipamento de mamografia, e entre os municípios que possuem mamógrafos, a média é de aproximadamente 4,7 mamógrafos por cidade.

A realidade, portanto, revela que o acesso para as mulheres que moram em munícipios mais distantes dos centros urbanos maiores é bastante prejudicado. Essa é uma das grandes contradições desse país, onde o número de médicos cresce a cada ano, e as regiões mais pobres e mais distantes continuam sem o mínimo de atenção, como no caso da saúde das mulheres. A sociedade deve cobrar dos poderes públicos e fiscalizar o uso dos recursos públicos que podem estar indo pelos ralos da ineficiência e da improbidade.