O Banco Central do Brasil (Bacen), publicou um estudo denominado de “Panorama do Sistema de Consórcios” que apresenta uma radiografia do segmento, com dados do ano de 2023. Este é um estudo que o Banco Central do Brasil apresenta anualmente, discorrendo sobre os principais pontos da análise agregada das informações relacionadas ao sistema de consórcios, incluindo dados de administradoras, grupos e cotas. A edição publicada agora é a oitava da série.
O Banco Central aponta que segmento se destina a propiciar aos consorciados o acesso a bens e serviços, como imóveis, automóveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. O sistema é constituído por administradoras de consórcio e por grupos de consórcio e consumo de bens e serviços.
Do ponto vista conceitual o consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, promovida por administradora de consórcio com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços por meio de autofinanciamento.
E a administradora de consórcios é a pessoa jurídica prestadora de serviços com objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, constituída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima.
O segmento de consórcio de bens móveis pode ser dividido nos seguintes subsegmentos: veículos pesados e outros; automóveis (incluindo veículos leves, utilitários e caminhonetes); motocicletas (incluindo motonetas, ciclomotores, triciclos e quadriciclos); outros bens móveis duráveis (eletroeletrônicos e eletrodomésticos, incluindo móveis e mobílias).
No ano de 2023, o crescimento do setor de consórcio foi puxado principalmente pelo segmento de bens imóveis (+21,1%), acelerando a tendência do ano anterior, tendo agora 16,7% (+1,6 p.p.) das cotas ativas de consórcios. O subsegmento mais tradicional e conhecido que é o de automóveis, tem apresentado queda na representatividade nos últimos anos, mas manteve-se como o maior do sistema, com 43,5% (-1,6 p.p.) das cotas ativas, mostrando uma alta de 5,7% no ano. O subsegmento de motocicletas manteve-se como o segundo maior, com 27,7% (-0,1 p.p.) das cotas ativas, com alta de 9,6% em 2023. Já os demais subsegmentos combinados apresentaram alta de 10,8% nas cotas ativas, passando a representar 12,1% (+0,1 p.p.) de todo o sistema. Um destaque apresentado no relatório é o crescimento de 20,2% nas cotas ativas de veículos pesados. Já o subsegmento de outros bens móveis duráveis (como eletrodomésticos) recuou 1,5%, enquanto o subsegmento de serviços teve uma redução de 2,6%.
De acordo com o estudo do Bacen, o Sistema de Consórcios é integrado por 136 administradoras ativas na data base de dezembro de 2023 – sendo 130 delas com grupos ativos e mantendo uma tendência de crescimento.
Cinco estados brasileiros (SP, MG, PR, BA e RS) concentram mais da metade das cotas ativas. Ao longo do ano, cinco administradoras deixaram de operar, e nenhuma nova administradora ingressou no sistema.
O estudo também revela que o total de recursos coletados em 2023 somou R$101 bilhões, uma elevação de 17,8% em comparação com 2022. Em minha opinião é uma sinalização de que a cultura de consórcio em nosso país continua ascendente.
No total, em 2023, foram comercializadas 4,14 milhões de cotas. Em dezembro, as cotas ativas alcançaram a quantidade de 10,34 milhões, crescimento de 9,7% na comparação com 2022 – destas, 1,58 milhão foram contempladas no ano de 2023 e o índice de inadimplência ficou em 2,54%.
Um fator de atração deste sistema é a lógica da contemplação, a maior alegria de um consorciado é ter a sua cota contemplada (cotas de consorciados ativos contempladas por lance ou por sorteio). De acordo com o relatório do Bacen, ao longo de 2023, foram registradas 1,58 milhão de contemplações de cotas ativas, aumento de 10,2% em relação a 2022. A alta foi observada em todos os tipos de bens: +7,4% no subsegmento de motocicletas; +10,8% nas de imóveis; +10,1% nas contemplações de automóveis e +19,3% nos demais tipos de bens e serviços. O relatório evidencia que do total de contemplações em 2023, 42,6% foram créditos referenciados em automóveis, 38,4% em motocicletas e 6,5% em imóveis. Os demais tipos de bens reuniram 12,6% das contemplações (199,3 mil créditos), com 5,5% em veículos pesados, 3,1% em serviços e 4,0% em outros bens duráveis. Além disso, do total de créditos contemplados em 2023, 76,6% foram contemplações por lances, alta de 0,9 p.p. em relação aos dados de 2022.
A força dos consórcios no Brasil é evidente, pois, conforme o estudo do Bacen, os principais indicadores apresentados demonstram a manutenção na tendência de expansão do Sistema de Consórcios, que acelerou ainda mais após superar os impactos causados pela pandemia da covid-19. Além disso, o Banco Central do Brasil aponta que esse sistema tem se consolidado como importante modalidade de financiamento para aquisição de bens, assim como um relevante instrumento de inclusão financeira.
Assim, é importante que as pessoas analisem e conheçam as vantagens existentes no sistema de consórcios e avaliem a possibilidade de uso desta modalidade de aquisição de bens que possui custo baixo, auxilia no planejamento financeiro e ajuda na formação de patrimônio.