ARACAJU/SE, 4 de janeiro de 2025 , 23:43:36

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Perspectivas Econômicas para o Brasil em 2025

Abordarei neste artigo, alguns cenários para a economia brasileira em relação ao ano de 2025.

Com relação à atividade econômica, o cenário doméstico evidencia que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Na variável mais sentida pela população (a inflação), a situação prospectiva é de que passaremos da meta estipulada, veja-se que foram verificadas elevações nas divulgações mais recentes. Registro que atualmente, a nossa inflação está em 4,87%, no cumulado para os últimos 12 meses, portanto, em um patamar superior à banda maior (a meta de inflação é de 3,0%, com bandas de 1,5%, ou seja, o limite da banda superior é de 4,5%). No relatório de inflação do Banco Central do Brasil, consta que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente e a projeção de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) para o segundo trimestre de 2026, no atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência.

A expectativa do Bacen é de que a inflação acumulada em doze meses deve permanecer acima do limite superior do intervalo de tolerância nos próximos meses, em meio a taxas mensais mais elevadas. Destacando-se que contribuem para a inflação mensal elevada: alimentação (depreciação cambial, repasse da alta do boi), bens industriais (preços ao produtor em alta, depreciação cambial) e serviços (maior inércia, mercado de trabalho aquecido).

Diante do cenário de inflação apresentado, dificilmente teremos redução na taxa de juros de referência (taxa Selic), que atualmente situa-se em 12,25%, depois do último aumento de 1,0 ponto percentual.

Sobre a projeção do PIB, o relatório de inflação do Bacen, projeta um ligeiro aumento na projeção para 2025, de 2,0% para 2,1% e aponta como contribuições positivas: maior crescimento esperado para a agropecuária e; como contribuição negativa: uma expectativa de menor ritmo de crescimento ao longo do ano, em cenário de aperto monetário mais intenso. Assim, o Bacen mantém uma perspectiva de crescimento menor em 2025 do que em 2024. Sobre o crescimento de 2024 que só conheceremos em 2025, a expectativa é para um crescimento de 3,5%. Decalcando, o entendimento sobre a projeção do PIB do Brasil de 2,1% para 2025, temos o seguinte, do lado da oferta: crescimento da agropecuária em 4,0% (será a atividade econômica de maior crescimento em 2025); crescimento da indústria será de 2,4% e crescimento do setor de comércio/serviços em 1,9%. Analisando o PIB do lado da demanda, a situação prospectiva é de que o consumo das famílias cresça 2,4%; o consumo do governo cresça 1,6%; a formação bruta de capital fixo evolua em 2,9%; as exportações e as importações evoluam no mesmo patamar de 2,5% e o setor externo tenha contribuição zero para o crescimento de nossa economia.

Uma boa informação é que o mercado de trabalho seguiu aquecido nos últimos meses. A taxa de desocupação atingiu o mínimo histórico e a geração de empregos segue em patamar elevado. Além disso, o rendimento médio real do trabalho medido pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) tem crescido de forma mais moderada. Mas a desaceleração do rendimento real é maior que a do rendimento nominal.

A projeção de crescimento nominal do saldo do crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) em 2024 diminuiu de 11,1% para 10,6%, com o cenário de uma política monetária mais restritiva e a reavaliação da evolução do crédito direcionado às empresas. Dessa forma, para 2025, ano que concentra os efeitos do aperto da política monetária, a projeção de crescimento nominal diminuiu de 10,3% para 9,6%, com destaque para a revisão baixista em Pessoa Física – recursos livres.

Sobre as contas externas do Brasil, de acordo com o relatório de inflação do Bacen, verifica-se a ocorrência de um aumento relevante do déficit em transações correntes entre 2023 e 2024 e acréscimo mais modesto entre 2024 e 2025. Contudo, o déficit em transações correntes nesses anos deve seguir inferior ao fluxo líquido de Investimento Direto no País (IDP).   O ano de 2024 deverá ser finalizado com um déficit em transações correntes em 2,5% do PIB. Já para o ano de 2025, o déficit em transações correntes deverá ser de 2,7% do PIB, com um saldo comercial estável e maior déficit em renda primária devido às despesas líquidas com juros.

O relatório de inflação do Bacen do 4º trimestre de 2024, evidencia que em função da materialização de riscos, o Comitê de Política Monetária (Copom) avalia que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso. Persistindo, no entanto, uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.

Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se: uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

Já entre os riscos de baixa, ressaltam-se: uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Pelo que apresentei, referenciado no último relatório de inflação de nossa autoridade monetária, teremos um ano de 2025 mais difícil que o ano de 2024, portanto maior atenção nos gastos pessoais, maior cautela nos investimentos e constante busca de equilíbrio entre o rendimento e as despesas será fundamental para que as famílias continuem buscando melhorar a qualidade de vida para seus membros. Que a esperança seja mantida em busca de dias melhores e mesmo diante de um cenário econômico mais adverso para o Brasil no ano de 2025.