Um tema sempre considerado tabu, seja em meio às religiões e às ideologias, o controle de natalidade nos países pobres e em desenvolvimento deve ser uma prioridade das políticas públicas voltadas para à saúde e à família.
Não estamos mais no tempo em que uma prole numerosa era simbolo de garantia de trabalho na terra, antes em face da escravidão, depois como forma de garantir a perpetuação do sub-emprego na zona rural, e também nas áreas de agricultura familiar rudimentar.
A falta do controle de natalidade também afeta a saúde coletiva, mas de perto das mulheres e das crianças, as primeiras por falta de uma assistência integral no pré-natal, que deveria incluir cuidados básicos da saúde bem como de segurança alimentar, mas também de emprego e renda. E, com relação às crianças, o cuidado com a saúde integral dos neonatos, das crianças e dos adolescentes, o que enseja uma cobertura de assistência pediátrica e seus equipamentos, a exemplo de Centros de Tratamento Intensivo.
No Brasil temos mais propaganda do que ações práticas no campo da assistência à mulher e à criança e ao adolescente. As políticas públicas são muito mais objetos de peças e campanhas publicitárias que não correspondem ao que vimos nas Unidades Básicas de Saúde e nem nos polos de atendimento à mulher e aos seus filhos.
Há um evidente desperdício quando se constrói espaços físicos sem a correspondente lotação de profissionais de saúde e de áreas afins, e muito menos ainda a disponibilização de recursos materiais básicos de alimentação e medicamentos.
Um eficiente controle de natalidade pode ser a chave para que o Brasil possa sonhar com um futuro melhor, com menos pobreza e melhor distribuição da riqueza. Olhar a periferia e o interior do país como lugar de buscar votos em época de eleições não é suficiente, ao contrário, é cruel. A maioria das famílias nessas áreas muitas vezes conflagradas pelo crime organizado, pelas milícias e pelo confronto diário que aumenta a violência, estão sob a responsabilidade de mulheres sozinhas, mantendo casas com crianças e adolescentes, sem comida, sem saúde e sem escola.
Um retrato de um Brasil real que não está no foco das gestões públicas, e que choca somente quando a notícia invade o telejornal ou as redes sociais.
Disponibilidade dos meios contraceptivos, orientação para o controle da natalidade, e até mesmo a melhoria das redes de assistência de saúde aos adolescentes e às mulheres podem ser a chave da virada para um país mais saudável. Essa obrigação é do Estado e de toda a sociedade.