Fiquemos despreocupados. No próximo ano, a partir de primeiro de janeiro, todos os problemas municipais estarão sendo enfrentados e resolvidos. Os candidatos, mercê dos discursos e dos p, isto é, promessas/ propagandas, irão solucionar tudo vezes tudo, se revelando tão atentos aos problemas ligados aos variados setores da vida, que, por mim, o eleitorado deveria eleger todos, um por um, ora, porque a união faz a força, e em lugar de um, seria um time com mais de um, ou, para ser menos exagerado, com os cinco primeiros melhores colocados. Seria o prefeito um, o prefeito dois, o prefeito três, o prefeito quatro e o prefeito cinco. Um especialista em direito eleitoral me esclareceu que não se pode mais mexer nas normas. Lamentável. Teríamos um quinteto da pesada. Penso que perde o Município. A sugestão fica para a próxima, se acatada for.
No outro lado da moeda, os candidatos a vereador, se analisados pelo slogan que usam e pelo que se apresentam, cada um mais preparado que o outro, e, ademais, mais digno de voto, que faz dó não poder o eleitor votar em todos, igualmente. Seria uma chuva permanente de projetos, de reunião das comissões de justiça, de discussão em plenário dos projetos, de leis por cima de lei a focar os problemas locais, os estudantes de direito vendo o funcionamento da Câmara de Vereadores concentrada em legislar as matérias que a Constituição lhes reserva, e, assim, quando quisessem uma aula autêntica de direito constitucional de alto nível, era só ir assistir a uma sessão.
Evidente que minhas conclusões se baseiam no que ouço. Que grandeza de magníficos candidatos e patrióticos projetos! Escuto, me encanto, levo a sério, acredito, repasso adiante, lamentando que não tenham concorrido antes. Já teríamos ruas asfaltadas corretamente, escolas funcionando exemplarmente, merenda escolar da melhor qualidade, postos de saúde com médicos e odontólogos pontuais e de todas as especialidades, hospitais e ambulância de urgência em todos os bairros, esgotos engolindo as águas das chuvas. Todo mundo se orgulharia de pagar tributos sem reclamar, tudo um mar de rosas sem espinhos, e, eu não precisaria sonhar com o impossível, nem sair delirando com essas linhas e sugestões, a correr o sério risco de ser recolhido pelo temido dr. Simão Bacamarte para o Manicômio Casa Verde. Deus me livre, me abendiçoando três vezes.
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras
