O Arcebispo Metropolitano de Aracaju, Dom Josafá Menezes da Silva, vem se reunindo com os padres da Arquidiocese, nos seis Vicariatos Episcopais, ao lado do novo Vigário Geral, padre Valtewan Correia Cruz, cuja ascensão ao cargo foi bem recebida pelo Clero.
Há muito o que fazer por parte do Arcebispo. A situação por ele encontrada não foi salutar em algumas questões. A enfermidade do Arcebispo Emérito, Dom João José Costa, e o longo tempo da interinidade do Administrador Apostólico, Dom Vítor Agnaldo de Menezes, Bispo de Propriá, trouxeram ainda mais sobressaltos, expectativas, mas, também, esperanças. Esperanças de que o Arcebispo, que está entre nós há seis meses, possa agregar o Clero, como convém a um pastor, que deve fazer as vezes de pai e irmão, conhecendo bem o Clero, ouvindo seus queixumes, incentivando uns e outros, cobrando o que deve ser cobrado, mas compreendendo a situação de cada um.
Acho que o Vigário Geral será de suma importância na caminhada pastoral do Arcebispo, que vem sendo bem recebido pelos fiéis, dada a sua abertura, simpatia e despojamento para dialogar e escutar. São esperadas que outras mudanças sejam processadas nas funções da estrutura da Cúria e nos seus Colegiados, que serão recompostos, na forma prevista no Código de Direito Canônico, para o bom andamento dos trabalhos arquidiocesanos.
O Arcebispo vai continuar ouvindo o Clero, para, enfim, empreender as mudanças curiais e paroquiais que julgar necessárias. Que tudo possa ocorrer sem traumas. Que a unidade seja encontrada na diversidade em que se constitui o nosso Clero, como ocorre com qualquer outro. Que todos nós possamos nos somar ao Ordinário para o bem-estar geral.
Há muitas medidas a serem tomadas, pastorais e administrativas. Uma das mais caras, para mim, é a edificação da Casa do Clero, para abrigar os padres idosos ou enfermos, quando for um ou outro caso, mas, não como um depósito de velhos que receberam, um dia, o sacramento da Ordem e que deram as suas vidas para o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo, ajudando a Arquidiocese e seus Arcebispos a empreenderem as atividades pastorais e administrativas. A Casa do Clero é uma necessidade para dar dignidade aos padres que, no fim de suas funções ministeriais, haverão de necessitar do amparo e do cuidado da Arquidiocese à qual serviram. Padre idoso ou enfermo não é para ser descartado, mas, sim, protegido, respeitado, amado.
Na verdade, da formação dos seminaristas ao fim da missão efetiva do padre, a Arquidiocese deve acompanhar e cuidar de tudo com zelo e atenção, passo a passo.
A missão de Dom Josafá será árdua. Restará pouco menos de dez anos para ele estar entre nós como Metropolita, configurando, assim, para alguns, um Arcebispo de transição. Pois é. Em 1958, os Cardeais elegeram Angelo Giuseppe Roncalli, Patriarca de Veneza, como Papa João XXIII. São João XXIII, o Papa da minha maior predileção, desde a adolescência. Ele estava prestes a completar 77 anos. Dizem que um Cardeal alertou: “Vocês não sabem o que vai acontecer com a Igreja, se elegermos esse velho santo para a cadeira de Pedro”. Foi o que aconteceu. Em apenas cinco anos (1958-1963), o Papa da Bondade, como passou a ser chamado, revolucionou a Igreja com o Concílio Vaticano II. Novos tempos, que alguns até hoje não compreenderam, ora combatendo-o, ora não o aplicando. Uma pena!
A partir do exemplo de São João XXIII, podemos discernir que não é o lapso temporal maior ou menor que define um bom trabalho. Dom Josafá, contando com o apoio dos membros do Clero, especialmente dos que querem ver o progresso pastoral e administrativo da nossa Arquidiocese, nas funções curiais e paroquiais, terá, sim, tempo suficiente para deixar sua marca na Diocese instituída por São Pio X e elevada à categoria de Arquidiocese e Sé Metropolitana, exatamente pelo Papa da Bondade, em 30 de abril de 1960, por meio da Bula Ecclesiarum omnium.
Que a prudência de Dom Josafá seja coroada por uma ação efetiva, sob os aspectos pastorais e administrativos. É o que precisamos. E é o que, confiantes, esperamos.