A saúde da população negra no Brasil enfrenta desafios significativos, muitos dos quais estão enraizados em um sistema de saúde que historicamente foi moldado para atender predominantemente a população branca.
O censo de 2022 no país trouxe a confirmação de que a população negra formada por pardos e pretos representa 53,7% da população brasileira, isto a partir da autodeclaração perante o censo. Acredita-se de que na realidade a população negra é maior.
A população negra no Brasil frequentemente enfrenta barreiras no acesso a serviços de saúde de qualidade. Isso inclui desde a localização dos serviços até a discriminação racial explícita ou implícita no atendimento.
Estudos mostram que a população negra tem menos acesso a consultas médicas, exames preventivos e tratamentos adequados em comparação com a população branca, mesmo através do SUS, onde representa cerca de 70% da população atendida, conforme boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
A população negra tem algumas doenças prevalentes como a hipertensão, diabetes e doenças falciformes. No entanto, muitas das vezes, essas condições não recebem a atenção necessária no sistema de saúde.
A mortalidade materna é significativamente maior entre mulheres negras, refletindo desigualdades no pré-natal e no parto.
A maioria das pesquisas médicas e ensaios clínicos historicamente focou em populações brancas, resultando em uma falta de dados específicos sobre a saúde da população negra. Isso pode levar a diagnósticos incorretos ou atrasados e a tratamentos menos eficazes para pacientes negros.
A formação médica muitas vezes não aborda adequadamente as diferenças raciais na apresentação de doenças e na resposta aos tratamentos. Isso pode atender às necessidades específicas da população negra.
Em 2009, foi aprovada a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que visa reduzir as iniquidades raciais em saúde e promover a equidade no atendimento.
Essa política inclui ações específicas para melhorar o acesso e a qualidade do atendimento para a população negra, além de promover a formação e sensibilização dos profissionais de saúde sobre as questões raciais.
Diversos movimento sociais e organizações têm trabalhado para denunciar o racismo no sistema de saúde e promover mudanças que garantam um atendimento mais justo e equitativo para a população negra.
A saúde da população negra no Brasil é uma questão complexa que requer uma abordagem multifacetada. É essencial que o sistema de saúde reconheça e aborde as desigualdades raciais, promovendo políticas e práticas que garantam um atendimento de qualidade para todos, independentemente da cor da pele. A educação e a sensibilização dos profissionais da saúde, juntamente com a implementação de políticas públicas eficazes, são passos cruciais par alcançar a equidade na saúde.