Uma coisa é certa: não se cuida da saúde sem dinheiro.
O Brasil gastou com saúde per capita maior que muitos outros países em desenvolvimento. Em 2023, o gasto per capita foi de aproximadamente 846 dólares, enquanto países como a Índia, gasta em média 74 dólares.
Em compensação na América do Sul, o Chile em 2021 gastou 1380,69 dólares per capita, e Argentina 1044,77 dólares, Uruguai 1620,33 dólares.
Isso significa, que mesmo considerando a população, o Brasil, o país com maior PIB da América do Sul gasta bem menos que países como Uruguai, Chile e Argentina.
Verdade que já houve algum avanço em termos de aumento do gasto no Brasil, mas ainda assim temos muitos problemas, e a maioria estão ligados a infraestrutura e a pessoal.
Este ano de 2024 o orçamento total do Ministério da Saúde do Brasil é de R$ 236,4 bilhões de reais, e desse montante, R$ 222,9 bilhões de reais (cerca de 47 bilhões de dólares) são destinados especificamente para Ações e Serviços em Saúde (ASPS). Ou seja, o orçamento da saúde do Brasil é maior que o orçamento total de países como Jordânia, Bolívia, Paraguai e Senegal.
O aperto fiscal poderá fechar o orçamento da saúde no plano federal para 2025 em torno de 219 bilhões. Apesar do Ministério da Fazenda falar que houve um aumento em 30%, o que se verifica é uma redução, salvo se o aumento for considerado em razão do contingenciamento em 2024.
O mais importante é saber que dinheiro existe, e não é pouco. Precisamos ter competência e lisura na gestão desses recursos.
Os gargalos, os desvios e a corrupção no setor têm consumido muitos desses recursos que fazem falta para atender a população, especialmente os doentes crônicos, os idosos e as crianças.
Uma observação é que nos últimos anos foram investidos bilhões de reais em construção de hospitais e de compra de equipamentos que continuam encaixotados e os prédios fechados e se deteriorando por falta de pessoal.
Não existem concursos públicos que atraiam profissionais de saúde para as cidades fora das capitais e grandes cidades, especialmente no norte e nordeste. Os contratos sem estabilidade como o programa “Mais Médicos” e os salários baixos continuam impactando em duas pontas: a primeira, para que hospitais e equipamentos apodreçam por falta de uso, significando dinheiro do contribuinte jogado no lixo; e na outra, o aumento da demanda em centros maiores de pacientes vindos do interior do país.
Este o desafio que se põe face o orçamento da saúde de 2025.